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Escritores portugueses e chineses reunidos em Lisboa

O primeiro Festival Literário Portugal-China acontece na próxima semana em Lisboa, com seis autores convidados.

Lisboa recebe na próxima quarta-feira o 1º Fórum Literário Portugal-China com a presença do autor chinês Su Tong e outros dois escritores ainda não traduzidos no país – Zhang Wei e Chi Zhijian –, bem como de três autores portugueses: Dulce Maria Cardoso, Gonçalo M. Tavares e José Luís Peixoto. O encontro ainda não tem assegurada continuidade e vai servir para testar o interesse de leitores e editores – por novas edições do fórum e também por traduções.
O fórum literário realiza-se a partir das 10h, nas instalações do Centro Científico e Cultural de Macau, na capital portuguesa, decorrendo de um memorando assinado entre Portugal e China em novembro de 2014 por ocasião da deslocação a Pequim do ex-secretário de Estado português da Cultura António Barreto Xavier a convite do Governo chinêsl. Acontece agora com uma chamada à organização por parte da Associação Chinesa de Escritores, presidida pela autora Tie Ning, que também participa no evento.
O repto foi lançado ao Ministério da Cultura de Portugal e agarrado pela Direção Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas de Portugal. Maria Carlos Loureiro, diretora de Serviços do Livro no organismo, antecipa um crescimento do interesse do mercado editorial português por autores chineses numa fase, não só de estreitamento das relações diplomáticas e económicas entre Lisboa e Pequim, mas também de maior curiosidade face a obras de autores da China.
“Penso que este fórum vai trazer mais interesse ainda, pelo menos pela adesão que temos tido aos convites que estamos a enviar tanto para os editores como para o público em geral e para escritores. Penso que vamos descobrir a China de uma maneira que não foi feita até agora”, entende a responsável do organismo que tutela, em sentido inverso, os apoios à tradução do trabalho de escritores portugueses para línguas estrangeiras. “É um momento bom para a troca de ideias e a troca de traduções entre Portugal e a China”, diz.
Além de obras dos escritores Gao Xingjiang e Mo Yan, que receberam o Prémio Nobel da Literatura, Su Tong teve em 2007 o livro “A Minha Vida Enquanto Imperador” publicado por uma editora portuguesa, a Cavalo de Ferro. Mais recentemente, este ano, a editora Relógio de Água lançou “Crónica de um Vendedor de Sangue” de Yu Hua, preparando igualmente a publicação de uma coleção de ensaios do mesmo autor, “China em Dez Palavras”. Mas são ainda poucos os títulos vertidos de caracteres nas estantes dos portugueses.
No sentido inverso, Gonçalo M. Tavares e José Luís Peixoto são aquisições recentes da bibliofilia chinesa, que já conhecia bem nomes como os de Fernando Pessoa, Luís de Camões ou José Saramago. António Lobo Antunes, escritor convidado a participar no fórum, mas que estará ausente – “Está retirado em casa a escrever”, conta Maria Carlos Loureiro –, é outro dos autores portugueses que em breve chegará a tradução chinesa.
Além de um debate entre autores, com a apresentação dos convidados, é promovido na quarta-feira, durante a tarde, um encontro para profissionais, com o propósito de estimular novas edições. Os Serviços do Livro asseguram que foram vários os interessados entre quem traduz e publica em Portugal.
“É uma reunião com editores portugueses que possam estar interessados, não só em traduzir os autores chineses para os respetivos catálogos, como em apresentar os seus autores portugueses, uma vez que a Associação Chinesa de Escritores tem também o papel de apoio à tradução e edição de autores na China”, explica Maria Carlos Loureiro.
Por outro lado, a responsável pelo Livro na Administração portuguesa lembra que a Direção Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas tem um programa de apoio à tradução dos autores portugueses para línguas estrangeiras. “Isso faz com que, nos últimos ano, sobretudo, tenhamos imensas candidaturas. Penso que a China vai descobrir isso, vai apostar também nisso”, entende.
A delegação chinesa vai ainda reunir-se com o ministro da Cultura português, Luís Filipe de Castro Mendes, e com a presidente do Instituto Camões, Ana Paula Laborinho, para discutir edições futuras do fórum. Pretende-se que a próxima decorra em Pequim.
“Estamos convencidos de que vai ter continuidade – não quer dizer que seja todos os anos. Vai ser uma primeira experiência, vamos avaliar como é que corre”, afirma Maria Carlos Loureiro, que também não põe de parte eventuais colaborações com festivais literários de vocação congénere, como o Rota das Letras, que se realiza anualmente em Macau.
“Conhecemos bem o festival, mas nunca fomos contactados. Obviamente que estaríamos dispostos a analisar [possibilidades de colaboração], numa altura em que não há assim muito dinheiro para a área do livro – mas penso que seria viável [trabalhar] também com Macau”, diz

Maria Caetano

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