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Manchetes com um quarto de século

Há 25 anos a imprensa local destacava a luz verde dada em Pequim à Lei Básica. Os jornais chineses refletiam um grande optimismo, ao passo que os periódicos portugueses ecoavam o impacto na governação de Macau até 1999.

A promulgação da Lei Básica pela Assembleia Popular Nacional  (APN) a 31 de Março de 1993 foi retratada de forma positiva pela generalidade da imprensa em chinês e português de Macau. Abria-se uma nova página no processo de transição que levaria o território até 20 de Dezembro de 1999, data em que a lei fundamental da Região Administrativa Especial entraria em vigor.

A 1 de Abril de 1993, dia seguinte à promulgação da Lei Básica, o diário de língua chinesa Macau Daily News – o jornal local de maior circulação – saúda o novo período para o território. No editorial, o jornal sublinha que se trata de um marco de “grande significado histórico com implicações a nível internacional”, que iria “guiar Macau ao século XXI mais brilhante”. A primeira página do segundo maior diário do território, o jornal Va Kio,  é quase inteiramente dedicada à promulgação da Lei Básica. A decisão da APN foi seguida de um ruidoso aplauso dos delegados no Grande Palácio do Povo em Pequim. O então Diretor do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, Lu Ping, salientava que, “enquanto a China e Portugal continuarem com uma boa cooperação, Macau não vai lidar com os problemas que afetam Hong Kong”.

A perspectiva lusa

Em língua portuguesa, o diário que mais destaque dá à decisão da APN é o Macau Hoje. “Macau é mais chinês”, titula em manchete. O jornal escreve que a “mini-constituição manteve a redação controversa de que Macau foi gradualmente ocupado pelos portugueses a partir de meados do século XVI”, mas dispõe que o português continuará a ser língua oficial”. Em editorial o diretor Meira Burguete argumenta que “a partir de agora as pressões sobre os dirigentes que exercem no Palácio da Praia Grande vão ser cada vez maiores”. O Jornal de Macau destaca o assunto num quadrado no canto superior direito da primeira página, com o título “Exercício” em que é escrito “mais do que discutir se a Lei Básica é boa ou má, se devia dar mais garantias ou conter menos imprecisões, talvez fosse tempo de ir pondo em prática o que ela permite”.  

Os semanários de sexta-feira dia 2 de Abril também abordam o tema. O semanário católico O Clarim chama o assunto para a primeira página e na página 3 refere-se ao “prelúdio da última etapa” antes da transição.

Nas páginas interiores do Ponto final, o diretor Pedro Correi fala de “uma nova etapa”, em que faz votos para que o Executivo não invoque a Lei Básica como “pretexto para uma eventual paralisia administrativa”. O Comércio de Macau cita o Governador Vasco Rocha Vieira, afirmando que se trata de um “marco importante”. Já o Tribuna de Macau entrevista Kang Jimin, chefe da delegação chinesa do Grupo de Ligação Conjunto. 

José Carlos Matias  06.04.2018

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