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Restaurante macaense abre em casa histórica na Taipa

Um restaurante recentemente aberto numa das Casas-Museu da Taipa compromete-se a servir apenas pratos macaenses autênticos e destacar a rica herança culinária de Macau de maneira autêntica

Nelson Moura

Denominado ‘Casa Maquista’, um novo restaurante dedicado somente à culinária macaense abriu recentemente numa área de património requalificado da Taipa.

O estabelecimento ocupa uma de cinco casas construídas em 1921 e que serviram, em tempos, como residências para funcionários públicos de categorias superiores, nomeadamente para famílias macaenses. Em 1992, foram reconhecidas como um complexo edificado de valor arquitetónico para ser mais tarde completamente renovadas e transformadas num local museológico, aberto ao público no final de 1999 como as “Casas-Museu da Taipa”.

Em 2016, o Governo redesignou estes cinco edifícios como “Museu Vivo Macaense”, “Galeria de Exposições”, “Casa Criativa”, “Casa de Nostalgia” e “Casa de Recepções”.

A Casa de Recepções, localizada em frente ao anfiteatro da zona, onde normalmente são realizados os concertos no âmbito do Festival da Lusofonia, foi designada para o uso de um restaurante cultural que “promova a cultura portuguesa com características próprias de Macau”.

É precisamente essa moradia que foi atribuída pelo Instituto Cultural (IC) à Lubuds Macau Limitada, uma subsidiária do Lubuds Group de Hong Kong, que detém mais de 40 restaurantes e estabelecimentos nas regiões administrativas especiais. A concessão, de quatro anos, teve início a fevereiro de 2023, com a empresa a pagar uma renda mensal ao IC de 68.888 patacas por um período de 48 meses, conforme documentos do concurso público.

Na RAEM, a empresa opera o restaurante Albergue 1601, no bairro de São Lázaro.

Recuperar património culinário

Asai, empresário responsável pelas operações do restaurante, diz ao PLATAFORMA que só em junho deste ano atingiram um nível operacional considerado satisfatório e que permitisse a abertura. “Nós abrimos em 1 de junho, mas não tínhamos pratos principais, apenas petiscos. Só a meio de julho incluímos pratos principais”, conta ao PLATAFORMA.

O empresário comenta ser comum no passado ver restaurantes locais servir comida portuguesa a turistas como pratos macaenses “autênticos”, e que não é fácil encontrar estabelecimentos com mais que um ou dois pratos de culinária macaense.

“Em 2017, o Governo de Macau classificou oficialmente a gastronomia macaense como património cultural imaterial. Foi assim que aprendi sobre esta culinária e me apaixonei pela ideia de abrir um restaurante macaense autêntico”, diz.

Descrita pelo empresário como “uma das primeiras cozinhas de fusão do mundo”, a culinária macaense foi também reconhecida como Património Cultural Imaterial da China, em 2021.

Para garantir a autenticidade dos pratos, Asai realizou uma pesquisa extensa, consultando mais de 14 livros de culinária escritos por macaenses. “Eu e o nosso chefe de cozinha selecionámos cuidadosamente os pratos que achamos serem os mais apelativos para os nossos clientes”, afirma.

O restaurante agora inclui uma seleção de pratos exclusivamente macaenses, com clássicos como capela e camarões e okra em molho de caril.

“Como restaurante macaense, não serviremos cozinha portuguesa, italiana, chinesa ou de outras nacionalidades – apenas pratos macaenses autênticos que não são comuns noutros restaurantes”, afirma o empresário. A lista de sobremesas inclui também conhecidos como Bebinca de Côco, Bagi e Doce de Calamenga.

Além dos pratos principais, o restaurante também se destaca pela produção do seu próprio xarope de figo, para elaborar uma bebida típica macaense. “É utilizado em bebidas leves ou num cocktail especial que criámos. Também vamos vender como ‘souvenirs’, para que as pessoas possam fazer as suas próprias criações”, descreve Asai.

Além do menu, o ambiente do restaurante também tenta aproximar a comida das suas raízes, tratando-se de um edifício de 103 anos, agora decorado com mobílias e elementos que ajudam a recriar um ‘chá gordo’ num ambiente caseiro macaense.

“Queríamos recriar essa atmosfera única e herança cultural no nosso espaço de restaurante. A casa está decorada como a casa de famílias macaenses do passado, então vê-se uma mistura de mobiliário ocidental e chinês. E tentamos recriar o espaço como um lar”, explica.

“O facto de estarmos nesta casa, onde viveu uma família macaense, é o que torna tudo isto único”.

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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