Samuel Tong, presidente do Instituto de Pesquisa das Políticas de Aviação Civil de Macau, considera que, com a gradual mobilização de pessoal, o aumento das rotas e dos voos, bem como a queda no preço dos bilhetes, aumentou o desejo dos residentes em viajar, acelerando a recuperação da indústria.
A recuperação foi relativamente lenta, explica Tong, em resultado das dificuldades enfrentadas nas alfândegas na China continental, Hong Kong, Macau, e outras partes do mundo, no início do ano passado. Mas também pela necessidade de se repor a mão de obra, nas companhias aéreas e nos aeroportos. Ano e meio após depois, companhias aéreas e serviços aeroportuários regressam gradualmente aos níveis antes da quarentena, tendo o número de rotas e de voos aumentado significativamente.
As slots para voos regulares também aumentaram, e os preços dos voos caíram consideravelmente em relação ao mesmo período do ano passado, afirmou Tong. Embora não tenham caído ao nível de 2019, tornaram-se mais atrativos, estimulando as viagens.
Além disso, no Continente, a indústria tem vindo a crescer rapidamente; em particular nos voos domésticos, que retomaram ou mesmo ultrapassaram os níveis pré-epidémicos. Já os voos internacionais recuperam de forma ainda mais acelerada. Macau precisa ainda de aumentar a sua atratividade e competitividade, atraindo investidores que apostem em novas rotas e introduzam maior concorrência nos voos internacionais, facilitando as ligações diretas, considera Tong.
Efeito MICE
A política de excursões com múltiplas entradas e saídas, para visitantes do Continente, está em vigor há quase dois meses. E Andy Wu, Presidente da Associação de Indústria Turística de Macau, acredita que tal produzirá efeitos já nas férias de Verão; e, em especial, na época alta da indústria MICE – setembro – altura em que se espera que mais empresários se desloquem a Macau e Hengqin.
No último mês, apenas 60 excursões vieram a Macau e Hengqin – média de duas por dia. Wu lembra que as novas políticas carecem de um período de adaptação a procedimentos, candidaturas, e outros processos. Com a promoção em grande escala lançada pelo Turismo, na província de Guangdong, e as excursões preparadas pelas agências de viagens do Continente, Macau e Hengqin devem retirar benefícios já nas férias de verão. Wu prevê mesmo que as excursões duplique – ou mais – em relação a maio e junho.
Para as excursões Macau-Hengqin, os residentes na China têm de se registar em agências de viagens certificadas, havendo apenas uma dezena de agentes que cumprem os critérios de elegibilidade. Espera por isso que Hengqin acelere os processos de aprovação, para que mais agentes prestem esse serviço.
Há ainda dúvidas sobre o impacto da política de múltiplas entradas e saídas em excursão na taxa de ocupação hoteleira de Macau. Contudo, Wu acredita que será mínimo, uma vez que, em maio, a taxa de ocupação rondou os 83 por cento – superior à de abril. Acredita por isso que os hotéis de Macau tenham uma taxa de ocupação ainda mais elevada nas férias de Verão, pelo que a nova política ajudará a aliviar a pressão sobre a oferta. Entretanto, o preço dos quartos permanece estável,
Artigo publicado no âmbito da parceria com o Macau Daily News