Adotar medidas de apoio às empresas em dificuldades

por Gonçalo Lopes
Che Sai Wang, Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (atfpm)

A economia de Macau recuperou fortemente após a pandemia, e o desenvolvimento de vários setores da comunidade tem vindo a melhorar. No entanto, o ritmo de recuperação nos locais turísticos não é o mesmo, comparado com os bairros residenciais, não é o mesmo. Dada a alteração nos hábitos de consumo dos residentes, que optam por consumir do outro lado da fronteira, e até viajar, as zonas residenciais registam uma diminuição substancial do fluxo de pessoas; especialmente durante o período de férias, o que é ainda mais desolador. Múltiplas lojas, muitas das quais antigas e tradicionais, não aguentaram e já tiveram de fechar.

De acordo com as informações disponíveis, a taxa de desocupação das lojas na Areia Preta aumentou; de 1,02%, no final de 2022; para 1,53%, no final do ano passado. Embora a taxa de desocupação tenha, entretanto, diminuído ligeiramente para 1,48%, este ano; a situação ainda não é otimista. O facto de “9 em cada 10 lojas estarem vazias”, em algumas ruas comerciais, agrava a situação, criando um sentimento de frustração e de preocupação com as perspetivas de emprego.

Simultaneamente, o encerramento de vários tipos de lojas causa muitos inconvenientes aos residentes, que agora têm de andar mais a pé; e pagar preços mais elevados para satisfazerem as suas necessidades diárias – alimentares, e outras. O que, por sua vez, afeta a qualidade de vida dos residentes e acrescenta muitos custos de tempo e dinheiro aos mais idosos.

Com o fluxo fronteiriço mais cómodo e eficiente para as deslocações ao Interior da China, mais residentes optam por se deslocar ao Continente, onde gastam dinheiro durante as férias; o que, de facto, reduziu as condições de vida das PME. Com o tempo, formar-se-á um ciclo vicioso, que não é propício ao desenvolvimento a longo prazo da economia de Macau.

Além disso, para fazer face ao impacto económico negativo da pandemia, muitos jovens solicitaram ao Governo subsídios para a criação de empresas, a fim de encontrarem uma saída para essa situação difícil. Mas face à recessão económica geral, e à deslocação do consumo para fora de Macau; a par dos elevados custos das rendas, da subida dos preços, e da maior prudência dos residentes nas despesas, enfraquece ainda mais o ambiente económico na Região. Este grupo de jovens empresários deparam-se agora com um dilema: por um lado, têm de enfrentar perdas nos seus negócios; por outro, têm de fazer face aos pagamentos mensais dos empréstimos. O sentimento negativo continua a espalhar-se por Macau, agravando a onda de encerramentos.

Por isso sugiro que as autoridades abram um canal de comunicação fácil com as PME, de modo a conhecerem em profundidade as pressões que enfrentam no seu funcionamento efetivo, e as dificuldades que enfrentam para sobreviver, concedendo aos comerciantes acesso adequado a capital e medidas de assistência. Por exemplo, reduzindo as rendas nas instalações comerciais dos bairros de habitação pública; de modo que, por um lado, os custos de funcionamento dos inquilinos possam ser reduzidos; por outro, as autoridades possam assumir a liderança, atraindo mais senhorios a tomarem a iniciativa de reduzir as rendas, para ajudar as PME a ultrapassarem estes tempos difíceis.

Proponho ainda que as autoridades apliquem mais políticas de apoio, tais como benefícios fiscais e ajustamentos em baixa dos montantes de reembolso dos empréstimos, para aliviar a pressão financeira e proporcionar às PME um apoio mais prático, aumentando assim a confiança da população no desenvolvimento económico de Macau.

Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (atfpm)

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