Ganhar valor a ser sustentável

Garantir a qualidade e autenticidade dos produtos em restaurantes locais reduz o desperdício alimentar e o impacto ambiental da indústria turística. Ao mesmo tempo, oferece uma experiência turística mais atrativa e sustentável. Esse equilíbrio foi objeto de discussão no Fórum Internacional de Gastronomia, Macau, com vários profissionais de bem-estar e restauração a sublinhar os esforços feitos em Hong Kong e Macau

por Guilherme Rego
Nelson Moura

Profissionais da restauração e de lazer discutiram a importância da integração da saúde, cultura e proteção ambiental na indústria da restauração, no Fórum Internacional de Gastronomia, Macau, realizado na segunda-feira. Este evento, organizado na Doca dos Pescadores, fez parte da Festa Internacional de Gastronomia, Macau e incluiu colaborações com quase 30 cidades da Rede de Cidades Criativas da UNESCO.

O Fórum, que teve como tema “Gastronomia Holística: Comer bem, viver bem”, sublinhou a importância de uma abordagem integrada e sustentável na gastronomia, realçando que o futuro do turismo e da cultura culinária de Macau depende de práticas conscientes e inovadoras, numa altura em que o volume de turistas na cidade volta a atingir números elevados e, por isso, há maior impacto ambiental e social.

Maria Helena de Senna Fernandes, diretora dos Serviços de Turismo de Macau (DST), revelou no início da semana que a cidade recebeu cerca de 14 milhões de turistas nos primeiros cinco meses deste ano, com uma média diária de 93 mil visitantes. Poucos dias depois, o secretário para a Economia e Finanças apontou que a RAEM deve atingir 33 milhões de turistas em 2024.

Em 2023, a quantidade de resíduos sólidos urbanos descartados em Macau aumentou 14,8 por cento, com cerca de um terço do total composto por materiais orgânicos, segundo o mais recente relatório da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental.

Maria Helena de Senna Fernandes, diretora dos Serviços de Turismo de Macau (DST), revelou no início da semana que a cidade recebeu cerca de 14 milhões de turistas nos primeiros cinco meses do ano.

Uma experiência gastronómica autêntica

Ruby O, vice-presidente de Sustentabilidade & Sinergia Empresarial da MGM, falou sobre a importância de diversificar as ofertas gastronómicas de Macau. “Os turistas que vêm a Macau são menos sensíveis à noção de bem-estar, mas querem saber o que há de bom para comer. Temos de diversificar as ofertas, com comida saudável e de qualidade”, afirmou.

A profissional de sustentabilidade destacou que a abordagem certa não é pensar onde os turistas preferem ir, mas onde os residentes vão comer e o que torna esses restaurantes ou bancas de comida locais. “A comida, as pessoas e a história é o que importa. Os Millennials e Geração Z querem saber disto quando escolhem um restaurante. Nós sabemos que existe um mercado, mas temos de trabalhar em conjunto para desenvolver as nossas vantagens e ter uma abordagem holística ao turismo de Macau”, apontou.

Saiba mais sobre a Festa Internacional de Gastronomia, Macau

A representante da MGM também considerou que Hong Kong e Macau estão na mesma cadeia de valor turístico. “Muitos turistas internacionais que aterram em Hong Kong também têm este impulso de querer ir comprar o que é local, e muitos deles depois viajam para Macau. Por isso, Hong Kong e Macau acabam por estar na mesma cadeia de valor”, destacou.

“Como conseguimos convencer turistas a comer mais comida local? Tem de ser de um ponto de vista de segurança e qualidade, garantir que os produtos têm qualidade e selecionar ingredientes que as pessoas saibam de onde vieram”, concluiu Ruby O.

Profissionais da restauração e de lazer discutiram a importância da integração da saúde, cultura e proteção ambiental na indústria da restauração, no Fórum Internacional de Gastronomia, Macau, realizado no dia 17 de junho.

Andrew Tsui, cofundador da Rooftop Republic, uma empresa de Hong Kong que promove agricultura urbana, destacou a importância de utilizar ingredientes frescos e locais para garantir uma experiência autêntica e de menor impacto ambiental. “Não faz sentido ter ingredientes embalados a vir do outro lado do mundo. Ter a certeza de que os restaurantes usam 100 por cento ingredientes locais seria uma maneira de garantir essa qualidade, experiência e cortar nas emissões causadas por importações.”

May Chow, chefe de cozinha e proprietária do restaurante de Hong Kong Little Bao, explicou que o seu restaurante está numa cidade “onde 98 por cento dos alimentos são importados”. Por essa razão, começou a explorar maneiras de promover ingredientes locais, acabando por comunicar a cultura da cidade através da comida.

Estão instaladas 100 bancas de gastronomia asiática na Avenida da Gastronomia Internacional, outra das atrações do evento, apresentando iguarias típicas de vários países e regiões. O local dispõe de cerca de 700 lugares para refeições, zona de jogos e área de bar na marina, para além de espetáculos, com vista a elevar o ambiente festivo.

Mariana de Oliveira Dias, diretora executiva de Saúde & Bem-Estar da Sands China, falou sobre a importância de educar os clientes sobre opções alimentares mais saudáveis e sustentáveis. “A gastronomia holística tem em conta todos os elementos da experiência gastronómica, de bem-estar e de saúde, incluindo um foco no uso de alimentos não processados”.

A profissional de bem-estar realçou a necessidade de oferecer opções alimentares mais saudáveis, como comida produzida à base de plantas, e como a educação sobre o impacto ambiental dos alimentos pode influenciar escolhas mais saudáveis.

Demonstrações de Cidades de Gastronomia, um dos três destaques da “Festa Internacional das Cidades de Gastronomia, Macau”, estão a ser apresentadas até 23 de Junho, na Doca dos Pescadores de Macau, por chefs convidados, em representação de 26 Cidades Criativas da UNESCO em Gastronomia de todo mundo, provenientes da Ásia, Europa, África, Oceânia, América do Sul e América do Norte.

“Há muitas maneiras de convidar os clientes a escolher opções mais saudáveis, ao explicar como a comida é produzida, qual o seu impacto ambiental, como foi embalado, etc. Oferecer opções há base de plantas e os seus benefícios. São coisas simples que têm importância, pois tornam as opções sustentáveis acessíveis a todos”, destacou.

Maria Fátima Pun, diretora de Sustentabilidade do Wynn Palace e Wynn Macau, sublinhou o uso da tecnologia para reduzir o desperdício alimentar. “Temos de medir o impacto social e ambiental das nossas atividades. Por exemplo, temos de avaliar o desperdício de comida, que há muito em Macau, e é assim que podemos usar novas tecnologias, como a inteligência artificial, para reduzir este desperdício”, explicou Pun.

 

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