“Macau está ligado ao cinema português mais recente”

Alguns dos melhores filmes da moderna cinematografia portuguesa - especialmente curtas metragens - serão exibidos entre os dias 28 e 30 de junho, no auditório do Consulado de Portugal. A curadora, Margarida Moz, confessa o “prazer” e a “emoção” de os trazer à terra, onde viveu; onde o “público é exigente e conhecedor”; onde já filmaram “realizadores portugueses importantes”; e que abre portas a Hong Kong e a Taiwan

por Gonçalo Lopes
Paulo Rego

Sexta Mostra do Cinema Português em Macau, durante três dias e cinco sessões – longas metragens só à noite – traz “o melhor que se produz em Portugal”, garante Margarida Moz, “sobretudo nas curtas”. A seleção tem por base o IndieLisboa, festival de créditos firmados, que na última edição contou com mais de 30 mil espetadores. A Portugal Filme – Agência Internacional do Cinema Portuguesa – abre-lhes portas nos festivais internacionais de maior renome, onde cada vez mais os realizadores portugueses são mais premiados.

“Não são propriamente comerciais, quando comparados com grandes ‘blockbusters’ de Hollywood. Ainda assim, têm grande visibilidade em circuitos alternativos, festivais nacionais e internacionais; e, até, em exibições comerciais em ‘art house cinemas’, vocacionadas para filmes menos ‘mainstream’”. É nesta categoria que se inserem os filmes que vêm a Macau, “no circuito paralelo com amplo alcance internacional”, resume Margarida Moz, explicando o fenómeno de reconhecimento global da cinematografia portuguesa: “Desde há alguns anos que as curtas portuguesas têm sido premiadas nos principais festivais internacionais. Talvez desde o ‘Arena’, do João Salaviza, que em 2009 ganhou a Palma de Ouro para curta metragem em Cannes, o cinema português – em particular curtas metragens – tem maior atenção e conquista mais prémios. Atualmente já se estranha se um festival importante não incluir pelo menos um filme português, sobretudo uma curta metragem”, conclui a curadora.

Já se estranha se um festival importante não incluir pelo menos um filme português, sobretudo uma curta metragem”

Confessando “o prazer” e a “emoção” de mostrar em Macau o seu trabalho, Margarida Moz destaca vários outros motivos pelos quais dá particular importância a esta mostra: “Macau está ligado ao cinema português mais recente. Nomes como Ivo Ferreira, João Rui Guerra da Mata, Leonor Noivo e Jorge Jácome, para citar alguns, passaram por Macau e essa experiência reflete-se nos seus filmes. Depois, há um vasto público atento aos grandes festivais e que quer ver estes filmes portugueses. Por fim, Macau tem uma forte ligação aos festivais de Hong Kong e Taiwan, por onde estes filmes também passam, e é uma oportunidade de os poder ver em sala”. Pelas suas dimensões, esta mostra “não tem pretensões a alcançar um grande mercado”, mas “quanto mais frequentes forem estas exibições, mais influência terão nas produções locais e regionais”. E isso “é sempre benéfico”, conclui Margarida Moz.

Enquanto curadora, com fortes ligações a Macau, Margarida Moz “quis mesmo mostrar os melhores dos melhores”; e gosta “mesmo muito dos filmes todos, tão diversos e tão impactantes”. Razão pela qual lhe custa percorrer o programa (digitalize código QR), destacando uns, em detrimentos de outros. Mas olhando para a presença em festivais e prémios obtidos, há mesmo alguns que se destacam. Desde logo o díptico Mal Viver/Viver Mal, presentes em Berlim, em 2023. O Mal Viver conquistou o Urso de Prata; percorrendo depois os grandes festivais internacionais e estreando-se comercialmente em salas de países como França, Espanha, Brasil, etc. Recebeu quatro prémios Sophia (Academia Portuguesa de Cinema), incluindo melhor realizador e melhor filme. Mas há outras curtas muito premiadas, como “Tornar-se um Homem na Idade Média”, que conquistou o Tigre para melhor curta metragem em Roterdão; ou “Shrooms”, de Jorge Jácome, que recentemente ganhou o prémio para melhor curta metragem no Festival de Hong Kong.

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