Novo turista exige mudança de comportamento

Representantes da indústria de turismo de Macau e da província chinesa de Hainão consideram que a nova onda de turismo obriga a maior personalização dos serviços e à criação de produtos imersivos

por Gonçalo Lopes
Nelson Moura

Destinos turísticos devem desenvolver novos produtos, atrações e serviços personalizados que consigam atrair e reter visitantes na era pós-Covid, indicaram vários representantes da indústria num painel sobre as tendências em evolução na indústria do turismo asiático.

O evento teve lugar no primeiro dia da Asian IR Expo, realizada entre terça a quinta-feira no Venetian Macao, em conjunto com a Global Gaming Expo Asia (G2E Asia) 2024.

Maria Helena de Senna Fernandes, diretora dos Serviços de Turismo de Macau (DST), descreveu as mudanças no comportamento dos visitantes desde o levantamento das restrições de viagem na cidade, no início de 2023. “Realmente, vemos que os visitantes tendem a vir [a Macau] em grupos menores, ou principalmente em grupos familiares ou de amigos, em vez de grandes excursões”, disse.

“Vemos que os visitantes tendem a vir [a Macau] em grupos menores, ou principalmente em grupos familiares ou de amigos, em vez de grandes excursões”
Maria Helena de Senna Fernandes, diretora dos Serviços de Turismo de Macau

“[Isso significa] que temos de fornecer um serviço mais personalizado no futuro e temos de pensar mais em como lhes fornecer mais informações, mais razões para vir e ajudá-los a desfrutar melhor do destino”. Senna Fernandes também destacou que os visitantes estão cada vez mais interessados em experiências de luxo e opções amigas do ambiente, com base em relatórios de pesquisa da indústria.

Durante a cerimónia de abertura da conferência, Senna Fernandes fez um discurso centrado na recuperação do turismo de Macau na era pós-Covid. “O nosso objetivo é chegar aos 33 milhões de visitantes no final do ano. Em termos de visitantes internacionais, estamos a olhar para, possivelmente, ultrapassar os 2 milhões”, indicou.

No ano passado, Macau acolheu 28.2 milhões de viajantes, recuperando cerca de 71 por cento do registo pré-Covid, de 39.4 milhões em 2019. Até abril de 2024, Macau já tinha recebido 11.4 milhões de visitantes, representando um aumento de 58,9 por cento em relação ao ano anterior.

“Encorajamos os nossos parceiros da indústria a desenvolver produtos que correspondam a [experiências imersivas e sustentáveis]”
Albert Yip, diretor-geral do Conselho de Turismo de Sanya, capital da província chinesa de Hainão

Coreia do Sul, Filipinas e Indonésia são agora os três maiores mercados internacionais de Macau. “As Filipinas já ultrapassaram os níveis de 2019, e a Indonésia está quase ao mesmo nível de 2019”, apontou. “A Coreia do Sul está apenas a metade dos nossos números anteriores, mas já é o principal mercado internacional.” A diretora da DST também mencionou que a Korean Air vai lançar uma nova rota diária entre a Coreia do Sul e Macau em julho, o que deverá trazer mais turistas internacionais.

Turismo mais sustentável e imersivo

Albert Yip, diretor-geral do Conselho de Turismo de Sanya, capital da província chinesa de Hainão, destacou que os visitantes, especialmente os domésticos, começam a procurar cada vez mais produtos turísticos sustentáveis e imersivos. “Encorajamos os nossos parceiros da indústria a desenvolver produtos que correspondam a estas necessidades”, afirmou, acrescentando que em Sanya foram introduzidas experiências como plantações de corais, aproveitando a abundância de recursos naturais à disposição, como praias.

Yip observou que estes novos produtos turísticos prolongaram a estadia dos visitantes em Sanya para cerca de cinco dias a uma semana. “[Anteriormente, os visitantes] só vinham a Sanya para fazer compras, jantar e ficar em resorts”, comentou, dizendo que agora “há mais razões para ficarem mais tempo e gastarem mais.”

“Vimos um crescimento de 60 por cento nas reservas com opções de cancelamento flexível [para hotéis e outros pacotes turísticos], em comparação com o período pandémico.”
Fian Leung, responsável por alojamento para Hong Kong e Macau do Trip.com

Fian Leung, responsável por alojamento para Hong Kong e Macau do grupo de turismo chinês Trip.com, descreveu várias mudanças no mercado e destacou a crescente procura por flexibilidade. “Os nossos clientes estão definitivamente a procurar uma maior flexibilidade nas cancelamentos”, afirmou. “Vimos um crescimento de 60 por cento nas reservas com opções de cancelamento flexível [para hotéis e outros pacotes turísticos], em comparação com o período pandémico.”

Leung sublinhou que os clientes não estão apenas a procurar maior flexibilidade, mas também estão dispostos a pagar mais por isso. “A chave está em compreender e adaptar-se ao que os seus clientes realmente valorizam”, concluiu, observando que a Geração Z e os jovens tecnologicamente hábeis dão importância a experiências que melhorem a sua presença nas redes sociais. “O conteúdo que é considerado digno de ser partilhado e apreciado ganha popularidade”, acrescentou.

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