“Banca tem liquidez para investir em Hengqin e na plataforma lusófona”

O presidente do BNU, Carlos Cid Álvares, sugere “medidas mais efetivas” para atrair massa crítica a Macau, porque “nada se faz sem as pessoas”. Mas acredita nas “novas oportunidades” também destacadas por Ip Sio Kai, vice-presidente do Banco da China (Macau): “As instruções do Governo Central são claras” para investirmos na “diversificação económica”, em “Hengqin” e na “plataforma lusófona”. Ambos garantem “liquidez” e “vontade” para apoiar as empresas nesse caminho

por Gonçalo Lopes
Paulo Rego

Os dois bancos emissores de Macau “colaboram no desenvolvimento do sistema financeiro” de Macau, frisa Ip Sio Kai. E têm um protocolo bilateral, com foco no investimento chinês nos Países de Língua Portuguesa – e vice-versa. “A banca não pode é substituir-se às empresas”, alerta o presidente do BNU, garantindo que “quem tiver bons projetos será financiado”. Ip Sio Kai reconhece que o ambiente económico “não é nesta altura o melhor”, mas desvaloriza a “oscilação” e está “otimista” no “longo prazo”. Macau vai “agarrar a oportunidade” e tem “condições únicas” para “investir na plataforma lusófona e em Hengqin”, onde a liberalização do mercado financeiro “é uma experiência que se estenderá à Grande Baía e à China”, clarifica o também deputado local, e presidente da Associação de Bancos – na qual Cid Álvares é vice-presidente.

“Macau e Hong Kong podem ajudar a China a liberalizar-se”
Ip Sio Kai, vice-presidente do Banco da China (Macau)

A emissão de obrigações em Macau é destacada por Ip Sio Kai como fator de internacionalização, embora ainda falte “abrir o mercado secundário de emissões”, defende Cid Álvares. A liquidação das transações em renminbis é outro fator relevante, como são as vantagens de ser plataforma sino-lusófona. “Há transações que nunca passarão por Macau”, como a soja e os minerais do Brasil, ou o petróleo de Angola… admite Cid Álvares; “mas muitas operações podem passar por aqui”; e exemplos como o do investimento da divisão de helicópteros da AirBus, em Hengqin, acabarão por “atrair outras multinacionais, que utilizem Macau como plataforma”. Ip Sio Kai confessa que o mercado financeiro chinês “ainda não está totalmente aberto”, mas avisa que “os outros países também têm de se abrir”. Nesse contexto, remata, “Macau e Hong Kong podem ajudar a China a liberalizar-se”. Por isso “estamos a desenvolver muito rapidamente a ligação ao mundo; novos serviços, digitalização, hardware e software moderno para agarrar essa oportunidade”.

O BNU “olha seriamente para a hipótese de investir mais em Hengqin”
Carlos Cid Álvares, Presidente do Banco Nacional Ultramarino

Vivíamos numa economia “superprotegida e, de repente, as pessoas estão a descobrir a concorrência”, descreve Cid Álvares. Mas “acredito nos empresários de Macau”, embora alguns tenham de “alterar modelos de negócio; ou até fechar uns e abrir outros. Mas a vida é assim! É duro, é difícil… mas sem esforço e transpiração perdia até a graça! As conquistas têm de ser feitas com um bocado de adrenalina”. Ip Sio Kai considera que “a responsabilidade da banca também é ajudar as empresas” a ultrapassarem as dificuldades. Depois da crise, temos a diversificação económica, Hengqin, e a plataforma lusófona para desenvolver. Precisamos de tempo para nos adaptar, mas vamos ajudar nesse desenvolvimento positivo”.

O BNU “olha seriamente para a hipótese de investir mais em Hengqin”, na senda da redução da burocracia e outros incentivos ao investimento. Cid Álvares acredita que, “muito rapidamente, será maior que Macau”, e abrirá negócio “em algumas cidades da Grande Baía”. Contudo, para esse futuro risonho, “precisamos também de medidas efetivas para a atração de talentos. Quem sou eu para fazer sugestões – e o Governo está a fazer esse caminho – mas sem pessoas não fazemos nada”, alerta o presidente do BNU, em clara alusão à dificuldade de se obter um Bilhete de Identidade de Residente. Questão politicamente sensível, à qual Ip Sio Kai evitou responder diretamente, embora admitindo que “as pessoas são muito importantes”.

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