Crise imobiliária na China por trás da queda dos lucros da banca

Os lucros da banca de Macau caíram para menos de metade face a 2022. Kwan Fung, economista da Universidade de Macau, acredita que os números resultam de uma maior cautela nos empréstimos hipotecários face à crise imobiliária na China

por Gonçalo Lopes
Nelson Moura

Segundo dados da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), os bancos de Macau registaram lucros de 6.14 mil milhões de patacas em 2023 – menos 53,5 por cento do que no ano anterior.

A principal razão para a diminuição dos lucros foi atribuída pela autoridade monetária central da RAEM, uma queda de 11,4 por cento, para 19.5 mil milhões de patacas na margem de juros, a diferença entre as receitas dos empréstimos e as despesas com depósitos.

Kwan Fung, professor assistente de economia na Faculdade de Ciência Sociais da Universidade de Macau, diz ao PLATAFORMA que esta diminuição pode ser atribuída principalmente a uma maior alocação de fundos para potenciais perdas decorrentes de empréstimos relacionados ao setor imobiliário na China continental.

Esta locações referem-se ao dinheiro reservado pelas instituições financeiras para cobrir possíveis perdas em empréstimos de risco que possam não ser pagos.

Segundo Kwan, os bancos em Macau são “normalmente cautelosos” com o crédito mal parado, conduzem avaliações rigorosas à solvência dos seus clientes e gerem os riscos associados a empréstimos.

“Inicialmente, pensei que alguns empréstimos às PME poderiam estar em dificuldades, devido ao aumento das alocações para devedores de risco dos bancos. Depois perguntei a um banqueiro local e descobri que o mercado imobiliário da China continental está efetivamente a ter impacto na atividade bancária de Macau”.

A Evergrande, que era considerada a maior imobiliária da China – foi forçada a liquidar os seu ativos a 28 de janeiro por um tribunal de Hong Kong, em mais um golpe ao mercado imobiliário do país.

As vendas imobiliárias no país, tanto residenciais como comerciais, caíram de mais de 15 mil milhões de yuan em 2021, para menos de 12 mil milhões de yuans em 2023.

O mercado imobiliário chinês terminou 2023 também com as piores quedas nos preços das casas novas em quase nove anos, com o investimento a cair 9,6 por cento.

Em Macau, os empréstimos ao setor privado no ano passado diminuíram 14,2 por cento em comparação com o final de 2022, fixando-se em 1.09 mil milhões de patacas.

No final de novembro de 2023, o rácio das dívidas não pagas para empréstimos hipotecários para habitação atingiu um por cento, um crescimento de 0,6 pontos percentuais em relação ao período homólogo do ano transato.

Pode também interessar

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!