Construir uma instalação de ciências forenses que garanta a segurança pública e a higiene

por Gonçalo Lopes
Lo Choi In, Aliança de Sustento e Economia de Macau

A morte é uma etapa inevitável da vida, e este ponto final deve ser respeitado e valorizado pela sociedade. No entanto, devido aos costumes e à cultura chinesa, o tema da morte é tabu, sendo raramente discutido. Como resultado, políticas relevantes, como cuidados paliativos, instalações de cremação, mão de obra em morgues hospitalares e instalações de apoio, permanecem estagnadas há largos anos. No entanto, fechar os olhos e evitar a discussão não significa que o problema não exista. Pelo contrário, só dificultou a proteção da dignidade de quem morre.

Ao olharmos para o período pandémico, o número de mortes aumentou e as morgues ficaram quase paralisadas. Garantir a dignidade dos falecidos tornou-se desafiante durante uma crise de saúde pública.

Excluindo o impacto da epidemia, o número médio anual de mortes em Macau na última década ultrapassou as 2 mil. No entanto, as morgues hospitalares responsáveis pelo armazenamento temporário de corpos só têm algumas dezenas de compartimentos.

Nas suas operações, partilhar espaço é frequentemente necessário, o que pode não garantir a dignidade dos falecidos. Há até casos em que os corpos não podem ser reclamados ou dispostos prontamente por vários motivos ou procedimentos.

As morgues são apenas para armazenamento temporário, e a sua temperatura de armazenamento não se encontra abaixo de zero – apenas 4 graus Celsius. Se armazenados por um longo período, ocorrerá decomposição celular e deterioração, comprimindo e reduzindo compartimentos e levando a riscos para a saúde pública. Ao longo dos anos, questões relevantes não foram levadas a sério pelo Governo e pela comunidade. Sob tais condições, a conformidade com os requisitos legais da Lei de Prevenção, Controle e Tratamento de Doenças Transmissíveis é ainda mais desafiante.

Por outro lado, o departamento forense, responsável por promover a justiça social, defender a dignidade dos falecidos e restaurar a verdade, não enfrenta apenas espaço de trabalho limitado, mas também carece de atenção e melhoria em instalações e equipamentos relacionados, como o sistema de troca de ar sob pressão negativa e camas hidráulicas. Num ambiente de trabalho de alto risco, proteger a segurança dos patologistas forenses e o ambiente de saúde pública é um desafio.

A cidade vizinha de Hong Kong concluiu e inaugurou o Edifício de Ciências Forenses no ano passado, oferecendo 830 espaços de armazenamento para corpos e combinando funções de morgue pública, pesquisa e autópsia, investigação forense, ensino e treino, entre outros.

Embora o Governo da RAEM e os departamentos relevantes tenham feito esforços para elevar o padrão dos serviços de saúde pública, esperamos que não negligenciem uma coisa em detrimento da outra. Devem priorizar o bem-estar do público, manter uma atitude pragmática e racional de governança, expandir e aprimorar ativamente as instalações relevantes com base nas necessidades reais da sociedade e promover serviços de cuidados paliativos à medida que o problema do envelhecimento persiste. Para abordar a controversa questão da localização de crematórios, sugere-se que o Governo faça referência às práticas das regiões vizinhas, faça uso da área de gestão marítima concedida pelo Governo Central ou utilize terrenos recém-recuperados para construir uma instalação de ciências forenses multifuncional longe de áreas residenciais, respondendo ao desenvolvimento e necessidades da sociedade.

Aliança de Sustento e Economia de Macau

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