Sem-abrigo. O submundo de quem perdeu quase tudo em Lisboa

"O meu pai expulsou-me de casa. Fumava droga, crack, bebia, chegava a casa a altas horas, até que ele se fartou e pôs-me na rua". Jimmy tem a cabeça coberta pelo capuz do casaco que o protege do frio e da humidade ali na Gare do Oriente, o sítio onde passa as noites.

por Gonçalo Lopes

O rapaz de olhos postos no chão e de barba comprida não está sozinho neste “acampamento” improvisado no terminal que foi construído há 25 anos, na altura para servir a Expo”98. Ao lado, a dormir, está a namorada Mónica.

Jimmy tem 26 anos, trabalha – “mas não tenho dinheiro para uma casa, nem para um quarto”, diz – e é apenas uma, mais uma, daquelas pessoas que fazem parte do submundo que fervilha na noite de Lisboa. Há centenas de “jimmy”s” debaixo de pontes, em vãos de escadas, casas ou prédios abandonados, jardins, paragens de autocarros e, claro, na Gare Intermodal de Lisboa – o nome da infraestrutura desenhada pelo arquiteto Santiago Calatrava que não deverá ter previsto ver a sua obra servir de abrigo aos sem-abrigo de Lisboa.

Quem anda pela capital, em passo mais ou menos apressado, pode nem dar por eles. Sobretudo durante o dia, as pessoas em situação de sem-abrigo passam despercebidas, perante a multidão, gente que ultima as compras de Natal, ou turistas que, de telemóvel ou máquina fotográfica em punho, se deixam deslumbrar pelas imagens bonitas de cartão-postal da cidade.

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