Lusofonia na construção do ecossistema financeiro local

As CFA Societies de Portugal e Brasil querem apoiar o desenvolvimento financeiro da Lusofonia, não deixando Macau de fora. Aqui, “estão à procura de mais membros”, mas por enquanto a única representante, Diana Massada, explica que a RAEM pode beneficiar destes mercados financeiros mais robustos para “diversificar a economia”

por Gonçalo Lopes
Guilherme Rego

As CFA Societies de Portugal e Brasil, uma associação internacional de profissionais na área das finanças, pretendem criar comunidades nos Países de Língua Portuguesa. O objetivo é simples: desenvolver o networking do setor financeiro em português, através da partilha de conhecimentos e contactos entre o mundo lusófono.

Em Macau conta ainda com um só membro, Diana Massada, mas está “à procura de mais” que “falem português”. Quem sabe, estender a comunidade para a Grande Baía, reconhecendo o potencial que existe nesse hub chinês.

“O nosso trabalho em Macau, tanto na promoção das certificações, como na realização de eventos temáticos, contribuirá para a construção do ecossistema financeiro local”

“Pretendemos organizar eventos com pessoas relevantes na área financeira em Macau”, diz ao nosso jornal a representante local. Diana Massada vê neste projeto “uma ferramenta que contribui para a diversificação da economia de Macau, promovendo o desenvolvimento do setor financeiro e a sua modernização, ao mesmo tempo que promove o papel de plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

Há também a necessidade de “aprofundar as relações comerciais” assentes num “maior conhecimento da realidade local e até um maior conhecimento das diferentes formas do financiamento local a que as empresas da China e do Países de Língua Portuguesa podem ter acesso”.

Modernizar o setor

A indústria financeira tem, naturalmente, especificidades consoante as regiões. Contudo, “tem uma base comum aplicável em qualquer área”, salienta Massada. Nesse sentido, diz que “o conhecimento existente noutros mercados lusófonos pode ser aplicado em Macau”. No campo das finanças modernas e dos novos produtos financeiros, explica que a RAEM pode “importar” modelos “que estarão mais desenvolvidos noutros mercados, nomeadamente em Portugal e no Brasil”.

“Há todo um conhecimento financeiro no mundo lusófono que pode ser aproveitado por Macau para desenvolver a sua oferta de produtos financeiros e o seu posicionamento como ponte entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, dando exemplos: expansão da rede de contactos, conhecimento dos diferentes sistemas financeiros, debate de ideias ainda em construção ou que precisem de revisão e, concretamente para Macau, perceber o que a região pode fazer “para se tornar mais atrativa”. Sobre esta última, a ideia passa também por “apresentar sugestões ao Governo de Macau e entidades financeiras locais”.

Relevo de futuro

Por outro lado, destaca a formação dada pela CFA, “que é igualmente transversal a todos os mercados financeiros”. O Governo de Macau colocou a indústria financeira como uma das responsáveis pela diversificação económica. Atualmente, a região ainda vive de uma monoeconomia de jogo. Diana Massada diz que o setor só conseguirá atingir esse patamar “se o nível de formação, de conhecimento e de oferta de serviços aumentar”.

“Acreditamos que podemos ter um papel na divulgação do ambiente financeiro de Macau junto dos Países de Língua Portuguesa”

“Como é sabido, qualquer centro financeiro tem um elevado número de pessoas portadoras de certificações CFA (…). O nosso trabalho em Macau, tanto na promoção das certificações, como na realização de eventos temáticos, contribuirá para a construção do ecossistema financeiro local. Estamos a trabalhar no sentido de ter conferências com especialistas locais e de outras regiões lusófonas para essa partilha de conhecimento, nomeadamente dando a conhecer o sistema financeiro de Macau no mundo lusófono ou, por exemplo, no desenvolvimento da área de gestão de patrimónios”.

Cooperação com os bancos

As CFA Societies de Portugal e Brasil pretendem cooperar com as instituições financeiras locais e contribuir para o crescimento da atividade. Muito também para minimizar “o desconhecimento” até mesmo a nível interno sobre projetos e oportunidades. “Existem alguns projetos que são pouco conhecidos em Macau, como a MOX ou a MCEX, e que poderiam vir a ter um papel mais relevante se houvesse mais conhecimento sobre o seu funcionamento. Por isso, acreditamos que podemos ter um papel na divulgação do ambiente financeiro de Macau junto dos Países de Língua Portuguesa”. “Os membros de Macau “podem levar esse conhecimento além fronteiras e com isso fazer crescer o interesse em pertencer a esta rede de conhecimento e contactos”, destaca.

Mas há também a questão dos valores e boas práticas no mercado financeiro, que têm sido promovidos pelo CFA em todo o mundo. “Tal como a organização mãe, o CFA Institute, estamos focados na promoção de valores de ética, conhecimento e boas práticas no mercado financeiro, estando  associados uma vasta rede, a nível mundial, de profissionais de excelência com diversas especialidades na área dos investimentos. De salvaguardar que não se pretende obter benefícios específicos, aliás, todos os membros desta iniciativa são voluntários. Pretende-se usar os recursos existentes a nível humano e de conhecimento financeiro para com isso beneficiar todos os membros desta comunidade. Um sistema financeiro assente em princípios de ética e profissionalismo é sempre benéfico para a sociedade de um modo geral”.

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