30% dos funcionários públicos enfrentam conflitos entre trabalho e família

A Federação das Associações dos Trabalhadores da Função Pública de Macau e a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Origem Chinesa divulgaram na semana passada o “Inquérito sobre a Situação de Conflito Trabalho-Família dos Funcionários Públicos”.

por Gonçalo Lopes

Foram recolhidos 1.364 questionários válidos, abrangendo funcionários de vários departamentos e escalões. Os resultados do inquérito revelaram que cerca de 30% dos inquiridos consideravam que os longos horários de trabalho tinham afetado a sua capacidade de cuidar das famílias.

Cerca de 40% disseram que depois do trabalho estão demasiado cansados para ajudar nas tarefas domésticas. Ao mesmo tempo, 15% têm dificuldades no trabalho devido a problemas familiares, e mais de 10% não tinham energia para trabalhar, devido a tarefas domésticas pesadas e cansativas.

Tal reflete que alguns funcionários públicos têm problemas em conciliar o trabalho com a família, sendo que a família tem maior impacto durante o trabalho, e não o contrário.

A Federação salientou que a maioria dos inquiridos tem uma atitude de igualdade de género e dá prioridade à família. Por exemplo, 75% dos inquiridos consideram que ambos os cônjuges devem partilhar igualmente as tarefas domésticas e 70% concordam que a família é mais importante do que o trabalho.

Contudo, 10% consideram que as mulheres devem concentrar-se mais nas responsabilidades familiares do que nas carreiras e cerca de 20% consideram que uma mãe ideal é aquela que se concentra nos deveres familiares. As análises mostram que o preconceito em relação ao género e à família é uma das causas do conflito trabalho-família entre alguns dos inquiridos.

Os representantes da Associação referiram que o inquérito revelou que 47% dos inquiridos eram obrigados a trabalhar frequentemente em equipamentos informáticos fora do horário de trabalho, em média uma hora ou mais por dia, o que tinha um impacto negativo no cumprimento dos deveres familiares.

No entanto, também encontram vantagens. Para alguns funcionários, o trabalho online permite uma maior flexibilidade no exercício das suas funções e contribui para reduzir o impacto das questões familiares no trabalho. O inquérito concluiu que, para minimizar os conflitos entre trabalho e família, é importante reforçar a capacidade e a confiança dos funcionários públicos para gerir ambos e, em segundo lugar, reforçar os cuidados e o apoio dos seus familiares e colegas.

Com base nos resultados do inquérito, as duas associações apresentaram quatro recomendações.

Em primeiro lugar, incorporar o ciclo de vida humano na sua gestão quotidiana. Segundo, ser mais flexível na gestão das férias e dos horários de trabalho. Em terceiro, tomar a iniciativa de compreender a situação do pessoal com problemas familiares e possibilitar que colegas mais experientes lhes prestem aconselhamento psicológico ou partilhem experiências, respeitando a sua privacidade. Por último, reforçar a formação dos funcionários públicos em matéria de sensibilização e de capacidade de conciliação entre trabalho e família, bem como de ajustamento do seu ritmo de trabalho.

A Federação salientou que a forte pressão de trabalho exercida sobre os funcionários públicos pode ser parcialmente atribuída aos erros de recrutamento. Por isso, salientam que o Governo planeia criar uma base de dados para os trabalhadores da função pública e que, no futuro, a mão de obra poderá ser destacada com base na especialização, a fim de resolver gradualmente o problema da inadequação dos talentos.

Artigo publicado no âmbito da parceria com o Macau Daily News

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