Presidente chinês reuniu-se com senadores norte-americanos em Pequim

O Presidente chinês, Xi Jinping, reuniu-se esta segunda-feira MACAU em Pequim com a primeira delegação de senadores norte-americanos a visitar a China em quatro anos, sinalizando uma reaproximação diplomática entre as duas potências.

por Gonçalo Lopes

Antes do encontro com Xi, os senadores reuniram-se com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi.
A deslocação, liderada pelo líder da maioria democrata no senado norte-americano, Chuck Schumer, prossegue a tendência de reaproximação entre as duas potências nos últimos meses.

China e Estados Unidos renovaram o diálogo com uma sucessão de visitas de altos funcionários norte-americanos a Pequim, incluindo o secretário de Estado, Antony Blinken, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, e a secretária do Comércio, Gina Raimondo, bem como o enviado especial dos EUA para as alterações climáticas, John Kerry.

Esperamos que esta visita ajude os Estados Unidos a compreenderem melhor a China, a ver as relações China – EUA de forma mais objetiva e a lidar de forma mais racional com as diferenças existentes
Wang Yi, ministro dos Negócios Estrangeiros chinês

Alguns analistas consideraram que as hipóteses de Xi receber a delegação de senadores eram mínimas, devido às tensões persistentes entre os dois países, mas o encontro sugere agora que o Presidente chinês vai participar na cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) em São Francisco, em novembro.

O Presidente dos EUA, Joe Biden, disse na sexta-feira passada que havia possibilidade de reunir com o seu homólogo chinês à margem da cimeira.

As relações bilaterais continuam tensas, devido a uma guerra comercial e tecnológica, diferendos em questões de Direitos Humanos, o estatuto de Hong Kong e Taiwan ou a soberania do Mar do Sul da China.

Wang Yi apelou aos Estados Unidos para “gerirem as diferenças [com a China] de forma mais racional”, durante o encontro com os senadores norte-americanos.

“Esperamos que esta visita ajude os Estados Unidos a compreenderem melhor a China, a ver as relações China – EUA de forma mais objetiva e a lidar de forma mais racional com as diferenças existentes”, disse Wang.

Do lado norte-americano, Chuck Schumer disse que as relações entre as duas potências devem ser “geridas de forma responsável”, insistindo que os Estados Unidos “não procuram entrar em conflito” com o país asiático.

No entanto, o senador defendeu ser “natural que duas grandes potências compitam em áreas como o comércio, tecnologia e diplomacia, entre outras”.

Schumer citou como “objetivo número um” alcançar “condições equitativas para as empresas e trabalhadores norte-americanos”.

O líder democrata no senado apontou ainda como objetivos “responsabilizar as empresas sediadas na China que fornecem produtos químicos mortais que alimentam a crise do fentanil na América” e “garantir que a China não apoia o comportamento imoral da Rússia” na invasão da Ucrânia. “Promover o [respeito pelos] Direitos Humanos é outra prioridade”, acrescentou.

Para ser honesto, fiquei muito dececionado com a declaração [da China] que não demonstrou nenhuma compaixão ou apoio a Israel nestes tempos difíceis e conturbados Chuck Schumer, líder da maioria democrata no senado norte-americano

Israel na agenda

Chuck Schumer também criticou a posição da China, que apelou à “contenção”, após os confrontos entre o movimento islâmico palestiniano Hamas e Israel.

“Para ser honesto, fiquei muito dececionado com a declaração (…) que não demonstrou nenhuma compaixão ou apoio a Israel nestes tempos difíceis e conturbados”, disse.

A China disse no domingo que estava “profundamente preocupada” com os confrontos, que já deixaram mais de mil mortos entre israelitas e palestinianos.

Na segunda-feira, Wang Yi sublinhou que o “mundo atravessa atualmente um período de turbulência e mudanças […] . A crise na Ucrânia ainda não foi resolvida e a guerra está de volta ao Médio Oriente”.

Citou também o terramoto no Afeganistão, que deixou mais de 2.000 mortos, segundo as informações mais recentes.

“Todos estes desafios devem ser enfrentados pela comunidade internacional e a China e os Estados Unidos devem desempenhar os seus papéis de forma apropriada”, disse Wang.

A diplomacia chinesa, que no início deste ano mediou a aproximação entre o Irão e a Arábia Saudita, afirma regularmente que quer dar o seu contributo para o processo de paz israelo-palestiniano, que está paralisado desde 2014.

Até recentemente pouco envolvida na questão israelo-palestiniana, em comparação com os Estados Unidos, a China, que mantém boas relações com Israel, está agora a realçar mais a sua posição sobre o assunto.

O grupo islâmico Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação “Tempestade al-Aqsa”, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que baptizou como “Espadas de Ferro”.

*Com Lusa

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