As 100 melhores tascas de Portugal

As primeiras palavras do prefácio que Fernando Pessoa escreveu para o Livro do Desassossego , de um tal Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros, vão directas ao assunto : "Há em Lisboa um pequeno número de restaurantes ou casas de pasto em que, sobre uma loja com feitio de taberna decente, se ergue uma sobreloja com uma feição pesada e caseira de restaurante de vilas sem comboios".

por Gonçalo Lopes

Esta imagem ocorreu-me na passada sexta-feira ao chegar, com o habitual esmero de pontualidade, à terra amarantina de Gatão, para um almoço de bacalhau frito, com gravador a estibordo. Decorreu o repasto na Tasca da Estação, porta de aromas do antigo apeadeiro de Gatão, na linha do Tâmega, há muito fenecida, entre Arco de Baúlhe e Amarante. É ali, na formidável Tasca da Estação, a dois passos da campa que guarda os ossos de Teixeira de Pascoaes, que o senhor Serafim prepara uns rojões muito apreciados pelos utilizadores da ciclovia. Quando chegam, extenuados do músculo pedaleiro, os ciclistas de fim de semana, precisam de um aconchego. Tomai nota: Tasca da Estação, Gatão, a dois passos da belíssima igreja e da casa do poeta que Unamuno visitava. Não vem referida neste Livro das 100 Melhores Tascas de Portugal, de António Catarino e Rui Cardoso, que é hoje apresentado em Lisboa, mas isso que importa? As 100 melhores tascas que este livro alberga são o pretexto para uma peregrinação interminável. São os primeiros 100 lugares de um longo caminho, só para fazer boca. O livro destes dois desassossegados é um tropel de poderosos cavalos levantando poeira na terra batida ou apurando os sentidos onde o asfalto deixa ler as placas dos povoados. Catarino e Cardoso são dois amantes da velocidade mas dominam a arte da lentidão.

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