Mercado de trabalho contrai pela primeira vez desde abril de 2021

O desemprego voltou a subir, na variação anual, depois de um hiato de dois anos e três meses de descidas consecutivas, revelam os dados de julho do Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP), publicados esta segunda-feira. Naquele mês, existiam 284 330 inscritos nos centros de emprego, o que se traduz num aumento de 2,5% ou de 6588 desempregados em comparação com julho do ano passado. É preciso recuar a abril de 2021 para observar um agravamento anual do desemprego, que foi de 8%. Queda nas ofertas e contratações reforça o prenúncio de uma contração do mercado de trabalho à boleia da redução do consumo e das exportações.

por Gonçalo Lopes

Entre as áreas de atividade que mais perderam postos de trabalho, em julho, na variação anual homóloga, surgem, à cabeça, as indústrias do couro, do vestuário e têxtil. Em relação há um ano, o mercado setor do couro registou um aumento do desemprego de 15,4%, o que corresponde a mais 362 desempregados; o fabrico de vestuário destruiu 12,5% contratos ou 718 empregos; e o setor têxtil observou uma subida do desemprego de 12,2%, que prejudicou 257 trabalhadores.

“O aumento do desemprego neste tipo de indústrias reflete os indicadores das exportações, que começaram a diminuir, sobretudo por causa da situação na Europa e, em concreto, devido à recessão na Alemanha, sendo que o Reino Unido e a França também estão em situações delicadas”, afirmou ao Dinheiro Vivo o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes. A corroborar a tese de Vieira Lopes, a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) já tinha dado conta, em abril, que as exportações nacionais de têxteis e vestuário recuaram 3,11% entre janeiro e maio, ficando-se pelos 2536 milhões de euros, menos 81,3 milhões de euros em relação a igual período de 2022. Além deste fator, o líder da CCP destaca ainda “a quebra no número de unidades vendidas no mercado interno, apesar de a faturação ainda estar em alta, sobretudo pelo efeito da inflação”.

Dando força a este movimento de desaceleração do emprego, verifica-se uma redução do número de ofertas e contratações, segundo o IEFP. Ao longo de julho, os centros de emprego receberam 9342 vagas em todo o país, uma queda de 13,1% ou de 1410 ofertas face ao período homólogo do ano passado. Esta contração, verificou-se sobretudo nas indústrias extrativas com menos 77,8% vagas, que, em termos absolutos, representam uma redução de 21 propostas de emprego. Segue-se a indústria do vestuário, com uma redução de 56,3% ou de 216 ofertas, e a indústria do papel, com uma diminuição de 50% ou de 29 possíveis contratações.

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