China apoia ronda futura de negociações de paz com a Ucrânia após reunião na Arábia Saudita

A China está a favor de uma terceira ronda de conversações para encontrar um acordo de paz para o conflito na Ucrânia, reportou o jornal The Guardian após uma reunião de altos funcionários de cerca de 40 países na Arábia Saudita durante o fim de semana.

por Nelson Moura
Nelson Moura

A cimeira de dois dias em Jeddah foi a segunda do género, depois de um fórum semelhante em Copenhaga no início deste verão, e pretende elaborar princípios-chave sobre como pôr fim à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse esperar que a iniciativa conduzisse a uma “cimeira de paz” de líderes mundiais neste outono para endossar os princípios, com base no seu próprio plano de paz com 10 pontos para um acordo.

As conversações, que excluíram a Rússia, foram frequentadas pelos EUA, Índia, UE e pelo enviado especial da China para assuntos eurasiáticos, Li Hui.

“Tememos muitas discordâncias e ouvimos posições diferentes, mas é importante que os nossos princípios sejam partilhados”, Li disse antes da reunião segundo a agêencia Reuters.

A fórmula de paz em 10 pontos desenvolvida por Zelenskiy inclui o respeito pela integridade territorial e soberania da Ucrânia e a restauração dos princípios da ONU e a aderência ao direito internacional.

Uma fonte da delegação ucraniana disse aos canais de notícias Al Arabiya e Al-Hadath que as propostas foram apoiadas por vários países.

A reunião em Jeddah segue-se às conversações em Copenhaga em junho, concebidas para serem informais e sem um comunicado oficial divulgado. Uma fonte ucraniana disse ao The Guardian que o plano de paz com 10 pontos “recebeu mais apoio do que em Copenhaga”.

Uma fonte da UE disse que a China “participou ativamente e mostrou-se positiva relativamente à ideia de uma terceira reunião a este nível”.

O envolvimento da China é visto como um grande prémio diplomático – tinha sido convidada para as conversações de Copenhaga em junho, mas não compareceu.

O oficial disse que houve acordo para criar grupos de trabalho para desenvolver detalhes de temas-chave proeminentes na fórmula de paz de 10 pontos de Zelenskiy, enquanto um grupo paralelo de embaixadores continuaria o trabalho técnico sobre as questões.

Enviado Especial da China para Assuntos da Eurásia, Li Hui,Foto: AFP/Jade Gao

Os grupos de trabalho investigariam soluções relacionadas com a segurança alimentar global, segurança nuclear, segurança ambiental, ajuda humanitária, libertação de prisioneiros de guerra e crianças raptadas que depois “contribuiriam para o futuro trabalho deste grupo ao nível do conselheiro de segurança nacional”, disse a fonte.

Em paralelo, um grupo separado de embaixadores em Kiev continuaria o trabalho técnico.

As conversações visam encontrar uma base viável para uma reunião de chefes de Estado, com fontes a dizerem que a data está “ainda um pouco incerta, mas antes do final do ano era considerada plausível”.

A Arábia Saudita promoveu as suas ligações a ambos os lados na guerra e posicionou-se como um possível mediador.

Ser um mediador de paz também dá a Riade a oportunidade de reparar as relações tensas com os seus aliados, especialmente os EUA, tendo em vista a guerra no Iémen e o assassinato em 2018 do dissidente saudita e jornalista Jamal Khashoggi.

As conversações mostraram a “disposição do reino para exercer os seus bons ofícios para contribuir para alcançar uma solução que resulte numa paz permanente”, afirmou a Agência Oficial de Imprensa da Arábia Saudita.

TOPSHOT – Ukrainian servicemen head toward Bakhmut in a BMP infantry fighting vehicle, in eastern Ukraine on March 22, 2023. (Photo by Aris Messinis / AFP)

Os organizadores reuniram três quintos dos países do Brics, Brasil, Índia e África do Sul, bem como outros países do Sul global, como Indonésia, México, Zâmbia e Egito.

A Arábia Saudita, o maior exportador de petróleo bruto do mundo, mantém boas relações com a China e Moscovo em termos de política petrolífera, embora tenham surgido tensões recentemente após a Rússia não ter aderido à redução acordada na produção.

Em maio, o reino recebeu Zelenskiy numa cimeira árabe, também em Jeddah, onde ele acusou alguns líderes de “fechar os olhos” aos horrores da invasão russa.

O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, liderou a delegação de Washington na cidade saudita, disse um alto funcionário da Casa Branca, mas ainda não surgiu nenhum comunicado oficial ou resumo.

O conselheiro de política externa do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, Simon Mordue, representou a UE.

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