Ucrânia: Borrell acusa Rússia de agravar insegurança alimentar ao atacar silos de cereais

O Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Josep Borrell, acusou hoje a Rússia de “agravar a insegurança alimentar mundial” após ter atacado na última madrugada um silo de cereais num porto ucraniano.

por Nelson Moura
Lusa

“Estes ataques seletivos às infraestruturas de cereais ucranianas agravam a insegurança alimentar mundial, pondo em perigo milhões de pessoas mais vulneráveis”, escreveu Borrell na antiga rede social Twitter, agora denominada X.

O ataque russo ocorreu num porto fluvial ucraniano do rio Danúbio, situado na cidade de Izmail, muito perto da fronteira com a Roménia, no interior da região de Odessa.

Segundo o Governo ucraniano, o ataque, levado a cabo com ‘drones’ (aeronaves não-tripuladas) iranianos, destruiu 40.000 toneladas de cereais que tinha armazenado num silo do porto e que se destinavam a países de África, China e Israel.

O ataque afetou a exportação de cereais através da Roménia. Neste momento, uma centena de barcos aguarda vez em águas romenas na foz do Danúbio no mar Negro e mais de 50 encontram-se a navegar pelo rio ou atracados nas docas de Izmail.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu uma “resposta” internacional ao ataque ao porto de Izmail, uma vez que, segundo sustentou na plataforma digital Telegram, alvos como aquele representam uma ameaça para o transporte de cereais para todo o mundo.

“Os terroristas russos atacaram novamente os portos, os cereais e a segurança alimentar mundial”, denunciou Zelensky.

Por seu turno, o Presidente da Roménia, Klaus Iohannis, classificou como “crimes de guerra” estes ataques da Rússia a portos civis e silos de cereais ucranianos nas margens do Danúbio, nas imediações da fronteira com o seu país, como destacou na rede social X.

A Roménia, membro vizinho da NATO, tem ajudado a Ucrânia a vender os cereais desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022.

O Danúbio, que nasce na Alemanha e desagua no Mar Negro, é uma importante via comercial para vários países europeus, incluindo a Ucrânia e a Roménia.

Desde que abandonou o acordo dos cereais, a Rússia tem atacado as infraestruturas portuárias ucranianas.

A França acusou hoje a Rússia de colocar deliberadamente em risco a segurança alimentar mundial ao destruir infraestruturas essenciais para a exportação de cereais, numa reação a novos ataques contra portos ucranianos.

A porta-voz da diplomacia francesa, Anne-Claire Legendre, criticou a Rússia por procurar aumentar o preço dos produtos agrícolas a nível global e impedir as exportações da Ucrânia, “um dos seus principais concorrentes”.

Legendre condenou ainda a Rússia por continuar a visar infraestruturas civis, “em violação do direito humanitário internacional”.

“Estes atos inaceitáveis constituem crimes de guerra e não devem ficar impunes”, acrescentou, fazendo eco das palavras da chefe da diplomacia francesa, Catherine Colonna.

Os ataques russos das duas últimas semanas, que têm atingido em particular infraestruturas portuárias e sobretudo na cidade de Odessa (sudoeste), seguem-se à decisão de Moscovo de não renovar o acordo de exportação de cereais ucranianos pelo Mar Negro.

Antes da guerra, a Ucrânia e a Rússia forneciam, em conjunto, 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol, segundo a revista britânica The Economist.

As Nações Unidas assinaram, em julho de 2022, um acordo com a Rússia, a Ucrânia e a Turquia para permitir escoar os cereais retidos em portos ucranianos pela guerra iniciada cinco meses antes.

Um ano depois, Moscovo não aceitou renovar os acordos alegando que as sanções ocidentais não permitiam fazer cumprir um dos termos, que era a exportação dos produtos russos, incluindo fertilizantes.

De acordo com a ONU, o acordo permitiu exportar “mais de 32 milhões de toneladas de produtos alimentares de três portos ucranianos do Mar Negro para 45 países em três continentes”.

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