Cientistas encontram um ponto quente no lado oculto da Lua

por Viviana Chan

Leituras de naves chinesas apontam para uma grande placa de granito que se solidificou a partir de magma nos canais geológicos do satélite

As rochas sob um antigo vulcão no lado oculto da Lua permanecem surpreendentemente quentes, revelaram cientistas, usando dados de naves espaciais chinesas em órbita.

Os dados apontam para uma grande placa de granito que se solidificou a partir de magma nos canais geológicos debaixo do que é conhecido como o Complexo Vulcânico Compton-Belkovich.

“Eu diria que estamos confirmando que este é realmente um elemento vulcânico”, disse Matthew Siegler, cientista do Instituto de Ciência Planetária, com sede em Tucson, Arizona, que chefiou a pesquisa. “Mas o interessante é que é um elemento vulcânico de tipo muito próprio da Terra.”

Publicadas no início deste mês na revista Nature, as descobertas ajudam a explicar o que aconteceu muito tempo atrás sob uma parte esdrúxula da Lua. O estudo também destaca o potencial científico de dados colhidos pelo programa espacial chinês e como pesquisadores nos Estados Unidos precisaram contornar obstáculos para utilizar esses dados.

Para este estudo, Siegler e seus colegas analisaram dados de instrumentos de microondas na Chang’e-1, lançada em 2007, e Chang’e-2, lançada em 2010, duas naves chinesas iniciais que não estão mais em operação. Como o Congresso proíbe no momento qualquer colaboração direta entre a Nasa e a China e como a pesquisa foi financiada pela Nasa, Siegler não pôde trabalhar com cientistas e engenheiros que colheram os dados.

“Foi uma limitação. Não pudemos simplesmente ligar para os engenheiros que construíram o instrumento na China e perguntar ‘ei, como devemos interpretar estes dados?’”, ele disse. “Teria sido ótimo se pudéssemos ter trabalhado em cima disso com os cientistas chineses o tempo todo. Mas não é permitido. Por sorte os chineses abriram alguns de seus bancos de dados ao público.”

Siegler pôde recorrer aos conhecimentos de um cientista chinês, Jianqing Feng, que ele conhecera numa conferência. Feng estava trabalhando em um projeto de exploração lunar na Academia Chinesa de Ciências.

“Percebi que combinar os dados de exploração lunar de diferentes países aprofundaria nosso entendimento da geologia lunar e possibilitaria descobertas instigantes”, disse Feng em email. “Por isso deixei meu emprego na China, me mudei para os Estados Unidos e entrei para o Instituto de Ciência Planetária.”

Leia mais em: Folha de S.Paulo

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