“As mulheres demoraram 32 anos a fazer o que os homens fizeram em 45”

por Gonçalo Lopes

A seleção feminina foi esta segunda-feira recebida por Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém antes da viagem para a Nova Zelândia, onde participará no Campeonato do Mundo de futebol feminino. O presidente da República quis estar ligado à estreia de Portugal e deu-lhes honras de Estado por três motivos. Primeiro porque não pode estar presente no último jogo de preparação – sexta-feira, no Bessa, com a Ucrânia – devido ao desmaio da semana passada que o levou a cancelar alguns compromissos da agenda presidencial. Marcelo ficou com pena de ter perdido um “show de bola” e não ter contribuído para o recorde de assistência de um jogo da equipa das quinas (20 123 espetadores). Segundo ele, o mais importante nem foi o triunfo (2-0, com golos de Jéssica Silva), mas ver que elas “lutaram em cada jogada e cada lance como se fosse o último da vida”. E é essa forma de viver a vida que ele considera “fundamental” transpor para a fase final.

O segundo motivo teve fundamentos históricos, com o PR a recordar que a seleção masculina fez o primeiro jogo oficial em 1921, em Madrid, e perdeu na estreia com Espanha (2-1). Além disso demorou 45 anos até chegar a um Mundial, em 1966. Já a seleção feminina só entra na história do futebol português em 1981, 60 anos depois da masculina se estrear, quando um grupo de apenas 16 jogadoras foi a França representar Portugal e empatar (1-1) e conseguiu agora, 42 anos depois, a primeira presença numa fase final de um Mundial. E tirando ainda os dez anos em que nem sequer houve seleção feminina (entre 1983 e 1993), então “as mulheres demoraram 32 anos a fazer o que os homens fizeram em 45 anos”, segundo as contas do presidente.

O terceiro motivo tem a ver com a base escolha. Se os jogadores federados são cerca de 210 mil, as jogadoras federadas são cerca de 15 mil, uma base de escolha que torna “muitíssimo mais difícil” obter uma equipa de elite: “Isto é para mostrar como foi difícil a afirmação das mulheres no futebol nacional. Mas não foi só no futebol, foi em tudo. O percurso das mulheres foi mais rápido. Nos últimos dez anos, multiplicou-se por quatro a base de recrutamento de mulheres no futebol português. É muito mais fácil recrutar uma equipa de homens para ir torneios internacionais que uma equipa de mulheres. É importante fazer essas contas para se ter a noção do histórico que vocês fizeram.”

Leia mais em Diário de Notícias

Pode também interessar

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!