31,9% das crianças portuguesas apresentam excesso de peso e 13,5% já são obesos

por Viviana Chan
Diário de Notícias

Estes dados constam de um estudo que foi coordenado pelo Instituto Ricardo Jorge para o COSI, sistema de vigilância nutricional infantil integrado da OMS/Europa, mesmo assim parecem inverter a tendência que se vinha a registar de aumento peso e de obesidade entre crianças. Em 2022, Portugal já está a par da média europeia.

O estudo COSI (Childhood Obesity Surveillance Initiative da Organização Mundial da Saúde/Europa, ou sistema de vigilância nutricional infantil integrado, que será apresentado esta tarde no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), revela que ao fim de quase 15 anos Portugal conseguiu atingir a média europeia em relação à nutrição das crianças até aos 6 e 8 anos.

De acordo com os dados recolhidos e trabalhados pelo INSA, em 2022 31,9% das crianças portuguesas registavam excesso de peso e 13,5% tinham mesmo obesidade, mesmo assim estes números revelam uma inversão na tendência que se vinha a registar desde 2008, ano em que se realizou pela primeira vez, o primeiro estudo sobre esta matéria.

Segundo revela o relatório, entre 2008 e 2019 (5ª relatório), Portugal apresentou consistentemente uma tendência invertida da prevalência de excesso de peso e obesidade infantil. Em 2022, (6ª relatório) “esta tendência parece não se confirmar, registando-se um aumento de 1,6 pontos percentuais (11,9% para 13,5%) na prevalência de obesidade infantil e de 2,2 pontos percentuais (29,7% para 31,9%) na prevalência de excesso de peso infantil. De acordo com estes resultados, Portugal situa-se a par da média europeia (29%), com uma em cada três crianças a apresentar excesso de peso”.

Mas há diferenças regionais nesta matéria. O INSA revela que a região dos Açores foi a que apresentou maior prevalência de excesso de peso, tanto em 2019 (35,9%) como em 2022 (43,0%), e que o Algarve foi a região com menor prevalência de excesso de peso nas duas rondas (21,8% em 2019 e 27,7% em 2022).

O mesmo estudo refere ainda que nas avaliações anteriores e na realizada em 2021/2022 permitiram verificar que a prevalência de excesso de peso (incluindo obesidade) aumenta com a idade. Ou seja, 35,3% das crianças de 8 anos apresentavam excesso de peso, comparativamente com 29,8% das crianças de 6 anos.

Recorde-se que o estudo COSI Portugal 2022 tem vindo a analisar fatores relacionados com o primeiro ano de vida, que se relacionam com o aumento de peso na infância, tal como o estado nutricional da mãe, o peso à nascença e o aleitamento materno.

Algarve apresenta a maior taxa de amamentação materna

Em relação à taxa de aleitamento materno, o estudo de 2022 revela que 90,1% das mães amamenta os filhos, em 2019 a taxa foi muito semelhante, 90,3%, e superior comparativamente a 2008 (84,9%). Mais uma vez a região dos Açores se destaca pela negativa por ter apresentado menor taxa de aleitamento materno (73,8%) e o Algarve pela positiva, reportou maior taxa (92,7%).

No que toca a hábitos alimentares das crianças, entre 2019 e 2022, verificou-se que o consumo diário de fruta aumentou de 63,1% para 71,2% e o consumo de até 3 vezes por semana de refrigerantes açucarados diminuiu de 71,3% para 69,1%.

Já há mais fruta e cereais na alimentação

Na mesma frequência, o consumo de cereais de pequeno-almoço aumentou de 41,5% para 45,8%, tendo igualmente aumentado o consumo diário destes cereais, de 19,3% (2019) para 23,7% (2022).

Sobre a atividade física e comportamentos sedentários, de 2019 para 2022, todos os parâmetros estudados relativamente às atividades sedentárias registaram um aumento na ordem dos 2,2 pontos percentuais a 9,3 pontos percentuais, com o maior aumento verificado no uso de computadores para jogos eletrónicos (dias da semana), pelo menos 2 horas por dia, de 18,1% para 27,4% entre os dois períodos.

Na avaliação de 2021/2022, os pais/encarregados de educação reportaram ainda que a maioria das crianças (69,2%) ia de automóvel para a escola e 20,3% deslocava-se a pé. Quando analisado o ambiente escolar, em comparação com a avaliação de 2019, verificou-se uma diminuição da disponibilidade de alimentos como snacks doces e salgados (de 11,1% para 5,7%), refrigerantes açucarados, sumos de fruta e bebidas com gás açucaradas dentro do recinto escolar (de 4% para 1%).

Pelo contrário, verificou-se um aumento da disponibilidade de legumes (de 32,4% para 43,9%) e fruta fresca (de 62,2% para 72,2%). Para além da monitorização da prevalência de excesso de peso e de obesidade infantil, esta última avaliação do estudo COSI incluiu, excecionalmente, um estudo (COSI/COVID19) de avaliação do impacto da pandemia por SARS-CoV2/COVID-19 no estado nutricional e nos comportamentos associados ao estilo de vida de crianças em idade escolar.

O COSI abrangeu um universo de 43 mil famílias de 13 países da Europa, sob a liderança científica do INSA em colaboração com o Gabinete Europeu da OMS para a Prevenção e Controlo de Doenças Crónicas Não-Transmissíveis, teve como objetivo conhecer e compreender o impacto da pandemia nas rotinas diárias, bem-estar, hábitos alimentares, de atividade física, comportamentos sedentários, saúde mental, estatuto socioeconómico das famílias e perceção do estado nutricional das crianças.

No caso de Portugal, na avaliação de 2022 participaram 226 escolas e foram avaliadas 6205 crianças, um estudo que foi feito em articulação com as Administrações Regionais de Saúde (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve) e Direções Regionais de Saúde dos Açores e da Madeira, constituindo-se como uma rede sistemática de recolha, análise, interpretação e divulgação de informação descritiva sobre o estado nutricional infantil de crianças portuguesas em idade escolar do 1º Ciclo EB, dos 6 aos 8 anos.

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