Crescente desinformação contra LGBTQIA+ ameaça Paradas do Orgulho

por Viviana Chan
AFP

Quando as Paradas do Orgulho gay começaram na Europa, em junho, o discurso de ódio e a desinformação dirigida contra a comunidade LGBTQIA+ se espalharam nas redes sociais com discursos que incitam a violência.

O aumento da desinformação e do ódio online é preocupante, considerando a onda de violência durante as marchas do orgulho gay na Europa.

Uma postagem em polonês compartilhada na Sérvia pelo Twitter, Telegram e Facebook afirmava falsamente que o Exército criaria “unidades LGBT”.

Isso levou alguns usuários a comentar que os novos soldados deveriam ser “queimados na fogueira”, enquanto outros elogiaram Hitler por sua perseguição aos gays.

Em uma outra publicação viral em várias línguas europeias, uma ‘fake news’ dizia que o Arco do Triunfo, em Paris, havia virado um arco-íris em uma obra de arte. 

Os usuários do Facebook responderam a notícia falsa com insultos. Nos comentários, uma pessoa pediu a queima e execução de pessoas LGBTQIA+.

Na Hungria, onde o governo e personalidades da mídia costumam usar retórica contra a comunidade LGBTQIA+, as Paradas de Orgulho gay foram citadas com uma linguagem ofensiva, incluindo calúnias homofóbicas.

A onda de ‘fake news’ e discursos de ódio faz parte de um discurso público cada vez mais violento contra a população LGBTQIA+, segundo ativistas.

Alguns países europeus, como Espanha, Eslovênia e Moldávia, adotaram leis que protegem os direitos da comunidade.

No entanto, um relatório da ILGA-Europa (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo) constatou recentemente que “o discurso público está se tornando mais polarizado e violento, especialmente contra a população trans”.

Já o balanço do European Digital Media Observatory, feito em maio de 2023, indicou que a desinformação em relação à comunidade LGBTQIA+ era prolífica e “muitas vezes incita o ódio contra minorias, leis e instituições”.

Pesquisadores e ativistas afirmam que a falta de moderação adequada nas plataformas das redes sociais agrava o problema.

Aleksandra Gavrilovic, da ONG sérvia de direitos lésbicos Labris, teme que os jovens estejam sendo expostos a um “conteúdo que não é verificado e nem verdadeiro”.

A falta de consequências para aqueles que espalham informações falsas e discursos de ódio “podem encorajar os ativistas contrários à comunidade LGBTQIA+, que se sentem impunes ao atacar”, acrescentou Svensson.

O aumento da retórica discriminatória sobre os eventos da Parada do Orgulho LGBTQIA+ na Europa faz parte de uma tendência global.

Algumas celebrações da Parada LGBTQIA+ dos Estados Unidos foram reduzidas neste ano, disseram os organizadores à AFP, especialmente em estados onde os políticos querem restringir direitos – já que as falsas alegações contra a comunidade proliferam nas redes sociais.

O surto de desinformação e ódio coincide com uma onda de ataques físicos contra pessoas LGBTQIA+ na Europa.

A Parada do Orgulho de Oslo foi cancelada, no ano passado, após um tiroteio mortal em um local LGBTQIA+. Bratislava passou por um ataque semelhante, em um bar.

A organização ILGA-Europa observou que a Europa e a Ásia Central tiveram, em 2022, o “aumento mais mortal” de ataques em uma década – eles somam incidentes relatados em 54 países.

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