Preocupação com a proliferação dos agiotas e segurança dos trabalhadores dos casinos

por Gonçalo Lopes
Leong Sun Iok*

Recentemente houve uma rixa num casino em que dois grupos de jogadores lutaram entre si, causando um alvoroço na comunidade e afetando seriamente a imagem de Macau como cidade turística. Felizmente, o incidente não causou danos ao pessoal da linha da frente e às pessoas que se encontravam no casino, mas põe em evidência os potenciais riscos de segurança no casino e nas suas imediações, bem como a segurança e a proteção do pessoal da linha da frente. O Governo e as empresas de jogo devem continuar a analisar se as medidas existentes são adequadas para lidar com situações de emergência, enquanto mantêm a estabilidade social e segurança do pessoal.

De vez em quando, ocorrem lutas nos casinos. Perante situações inesperadas, os croupiers só podem proteger as fichas e permanecer nos seus lugares. Os guardas de segurança não têm poderes de controlo e têm dificuldade em intervir. Além disso, receiam que, sem uma proteção adequada, se forem feridos durante o processo ou se houver uma colisão física durante o processo, possam enfrentar problemas de segurança pessoal e processos judiciais. Por outro lado, o pessoal da linha da frente é frequentemente tratado de forma rude pelos clientes, mas não existem medidas de apoio abrangentes que lhes permitam proteger melhor os seus direitos.

A indústria do jogo é a espinha dorsal da economia de Macau. Enquanto a economia e o turismo recuperam, é necessário criar um bom ambiente de trabalho que seja seguro para os trabalhadores.

As empresas de jogo comprometeram-se com o Governo a aumentar o número de seguranças, bem como a melhorar o mecanismo de notificação para que a polícia possa intervir rapidamente em casos de urgência. Espera-se que os departamentos e empresas relevantes melhorem o trabalho de segurança dos casinos, aumentem o número de agentes da autoridade aí colocados, melhorem o mecanismo de segurança e as instalações de apoio. Espera-se que também formulem e forneçam medidas adequadas e orientações claras para melhor proteger a segurança dos empregados, de modo a que possam trabalhar sem preocupações.

Ao mesmo tempo, o número de crimes relacionados com o jogo em 2021 e 2022 caiu quase para metade em comparação com 2019 – antes da epidemia – fruto de uma redução do número de visitantes e das atividades de jogo. No entanto, com a flexibilização das políticas de controlo aduaneiro e um aumento significativo da chegada de visitantes, receia-se que as atividades ilegais de troca de dinheiro, violência e agiotagem sejam retomadas e se tornem mais subtis. Cinco homicídios entre 2021 e maio de 2023 estiveram relacionados com o câmbio ilegal de dinheiro.

Atualmente, os agiotas gerem uma operação profissional, e sempre que um grupo é eliminado, outro entra em cena. Além disso, as penas aplicadas aos agiotas em Macau são demasiado brandas.

Estão sujeitos a deportação e proibição de entrada quando são detidos. Isto é particularmente ineficaz se os participantes forem residentes locais. De um modo geral, o efeito dissuasor não é suficiente.

Para além do reforço das inspeções, as autoridades devem ponderar a possibilidade de criminalizar e agravar as penas, de modo a reforçar o efeito dissuasor e a reduzir o problema dos agiotas.

*Federação das Associações dos Operários de Macau

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