Número de sociedade dissolvidas aumenta em 2023

por Gonçalo Lopes
Guilherme Rego

Foram dissolvidas mais sociedades nos primeiros três meses de 2023 do que nos últimos trimestres homólogos, à exceção de 2021. Sociedades financeiras também caíram em número e, sobretudo, registaram uma queda drástica no capital social. Economistas não soam o alarme: dados podem não representar a realidade económica, mas bom sinal não é de certeza

Foram constituídas 17.960 durante a pandemia, com capital social acumulado de mais de 22.6 mil milhões de patacas. No mesmo intervalo, entre o último trimestre de 2019 e primeiro trimestre de 2023, foram dissolvidas 1.037, com capital social de 602 milhões.

O ano em que houve maior número de sociedades constituídas foi o de 2019, com 6.140. Contudo, foi em 2022 que se registou maior capital social, contabilizando mais do que os restantes quatro anos em conjunto (14.9 mil milhões). Por sinal, foi o ano em análise onde também se verificou maior capital proveniente do interior da China (66,6 por cento).

A maioria das sociedades constituídas têm como propósito o comércio por grosso e a retalho (8.372), não ficando muito atrás aquelas criadas para prestar serviços às empresas (6.595). Números que não variam muito quando se compara com o período entre 2015 e 2018.

Quanto à origem do capital, este concentra-se maioritariamente em Macau, seguido do interior da China e Hong Kong. Na China, quem mais contribui são as nove cidades chinesas integradas na Área Grande Baía. Neste primeiro trimestre de 2023 foram criadas mais empresas em comparação com o período homólogo do ano passado. Porém, observa-se um decréscimo das sociedades constituídas para exercer atividades do foro financeiro, informático e conexas, o que explica a variação homóloga negativa do capital social total agregado às sociedades constituídas (menos 96 por cento). É uma má notícia para a diversificação económica, nomeadamente através do setor das finanças? “Para haver alguma segurança na resposta, era necessário dados mais desagregados. Com esta ressalva, é um sinal que merece atenção, até porque é o único segmento em contração. Sugere reservas em relação ao desenvolvimento do setor, mesmo num quadro de recuperação económica”, diz José Duarte, economista.

Ao mesmo tempo, aumentaram as sociedades dissolvidas face aos primeiros trimestres dos anos 2022, 2020 e 2019- à exceção de 2021. Poderá esse facto ser um mau presságio para o ano que agora começa? Em teoria, não. Economistas ouvidos pelo PLATAFORMA consideram que estes números podem não representar a realidade, mas também não revelam nada de positivo.

“É prematuro dizer que é mau presságio. Mas não é seguramente bom augúrio. Os anos de Covid-19 pesaram e continuarão a pesar. É natural que haja empresas que atingiram o seu limite de resistência, ou que não vejam grandes oportunidades de recuperação no quadro que se desenha. Mas também aqui seria necessário fazer uma análise mais fina”, reconhece José Duarte.

O professor associado da Faculdade de Gestão de Empresas da Universidade de Macau, Xinhua Gu, acredita que “a situação local é semelhante à que se tem verificado na China continental.

Pode ser apenas um processo de superação pós-pandemia antes de voltar à realidade observada no período pré-pandémico”. O economista não esconde o seu otimismo nesta fase de transição, mas alerta que muito depende “das relações entre as grandes economias a nível internacional não deteriorarem”.

Outro entrevistado, ao qual o PLATAFORMA aceitou o pedido de falar sob anonimato, diz que estes indicadores “não explicam completamente a realidade” económica de Macau. Este aponta que, se por um lado pode ter havido, de facto, muitas empresas a fechar; por outro, “acredito que muitas também fecham por questões fiscais”.

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