Câmara de Comércio Portugal-China PME quer fundo com província de Zhejiang

por Gonçalo Lopes

O presidente da Câmara de Comércio de Pequenas e Médias Empresas Portugal – China, Y Ping Chow, disse hoje à Lusa que está a tentar criar um fundo envolvendo as entidades portuguesas e a província chinesa de Zhejiang.

“Nós agora temos ideia de trabalhar com a província de Zhejiang, porque grande parte dos emigrantes em Portugal, Espanha, França e Itália são dessas regiões”, disse à Lusa o empresário, que também lidera a Liga dos Chineses em Portugal.

Em entrevista à Lusa a propósito da visita do líder do governo de Macau, Ho Iat Seng, a Portugal entre os dias 18 e 22 de abril, Y Ping Chow afirmou que pretende envolver também “uma pequena participação do Fundo de Desenvolvimento agrícola local ou das províncias”.

“Com 40% na China e 60% aqui na Europa, gostaríamos de poder aplicar a maior parte aqui em Portugal”, disse à Lusa no Porto, no restaurante do qual é proprietário, o King Long.

Y Ping Chow disse que lançou a ideia “mas quem está a trabalhar concretamente neste fundo é o conselho estratégico” da Câmara de Comércio.

“Nós já temos espaços, tudo preparado. Temos estratégia, tudo bem definido. Agora, a única coisa que falta é tentar criar a credibilidade deste fundo”, nomeadamente em termos financeiros, disse.

Segundo Y Ping Chow, a credibilidade “também depende das entidades oficiais da China, se querem ou não estar ao nosso lado para nos ajudar”.

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Questionado sobre se há caminho aberto para se criar o fundo, o responsável disse já ter feito “várias reuniões com um fundo da cidade de Lishui”.

“Lançámos esta ideia e eles aceitaram, mas como neste momento a política chinesa para a saída de dinheiro está mais controlada, ainda não tivemos uma resposta positiva”, disse à Lusa.

Y Ping Chow reconheceu que se houver apoio oficial, o fundo ganha “um estatuto diferente” em termos estratégicos e “uma credibilidade diferente para atrair as poupanças dos emigrantes da região”.

Sobre o clima para o investimento chinês na Europa, e particularmente em Portugal, o presidente da Câmara de Comércio Portugal – China PME reconheceu que “há 10 anos, toda a gente queria investimento”.

“Agora, depois dos americanos, que têm muita influência política nos países europeus, estão a pôr um bocadinho o travão”, disse à Lusa, afirmando também que “mesmo a China também já não está a fazer o esforço para investir lá fora como antigamente”.

Questionado sobre se as atuais tensões geopolíticas prejudicam o clima para os negócios, Y Ping Chow disse que “não é bom porque os americanos sofrem, os chineses sofrem, mas também é uma oportunidade para a China desligar mais da economia americana”.

Assim, a China pode “tornar-se cada vez mais independente, investir mais na alta tecnologia, para que não dependa principalmente aqui do ocidente”, apontou.

Sobre as tensões geopolíticas na região, especialmente com Taiwan, Y Ping Chow considerou que “se não tiver interferência dos americanos, a China reúne-se com Taiwan facilmente”.

Questionado sobre se os Estados Unidos têm receio que o modelo “um país, dois sistemas” acabe na região, o empresário disse que os americanos não têm particular “interesse em acabar ou não acabar” com esse modelo, mas “o que querem é criar problemas à China”.

“Neste momento, os americanos estão a vender armas a Taiwan, querem defender Taiwan, são amigos de Taiwan, mas o problema é que estão a criar mais tensão na ilha de Taiwan por causa das suas visitas”, considerou.

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