Contribuição do metaverso para o turismo de Macau ainda pela raiz

por Gonçalo Lopes
Viviana Chan

As tecnologias relacionadas com o metaverso estão a ser cada vez mais utilizadas no mercado turístico de Macau. Analistas acreditam que a cidade deve aproveitar a oportunidade para enriquecer os seus produtos turísticos na era pós-Covid. No entanto, realçam que a indústria do turismo local ainda está demasiado dependente de atrações convencionais e que o modelo de negócio para esta nova tecnologia ainda não é claro

Durante uma palestra recente, Li Miao, Chefe do Departamento de Resort e Turismo Integrado da Universidade de Macau, proferiu um discurso sobre a sua visão do desenvolvimento do turismo de Macau na era pós-Covid.

Na opinião da académica, os últimos três anos de pandemia foram um “evento traumático em massa” mas uma rápida recuperação do setor do turismo será percetível após o relaxamento gradual das medidas de controlo da pandemia em vários países.

Li aponta que, de acordo com os seus estudos, “mesmo sem quaisquer alterações ou melhorias nas instalações turísticas de Macau, haverá um grande afluxo de turistas”.

Para a investigadora, os atuais níveis de consumo turístico são resultado de uma procura de viagens turísticas reprimida e acumulada no últimos anos, e que a pandemia alterou “o significado e a forma de viajar”, com a procura por experiências de viagem a tornar-se cada vez mais diversificada.

“Os viajantes estão mais interessados em experiências de viagem imersivas e prolongadas”, diz.

Um bom exemplo dessa tendência é o desenvolvimento das tecnologias relacionadas com o metaverso, cada vez mais utilizadas na promoção e consumo do turismo.

Durante a palestra, a professora apresentou um filme promocional que recorre a RA (Realidade Aumentada) do Festival de Lanternas de Cantão, e que recorre a um método de filmagem e enredo com personagens virtuais.

O filme não só mostra o zodíaco chinês através de animação, mas também liga vários marcos de Guangzhou para criar um ‘show de luzes’ virtual. De acordo com a académica, este vídeo promocional quebra os limites da visualização presencial oflline, mas oferece também ao público uma perspectiva visual mais exclusiva.

UMA VISÃO DIFERENTE

No início deste ano, o Instituto Cultural de Macau, em colaboração com empresas locais de tecnologia, criou a exposição “Visitando as Ruínas de S. Paulo no Espaço e no Tempo — Exposição de Realidade Virtual nas Ruínas de S. Paulo”.

Esta foi a primeira vez em Macau que tecnologias avançadas de simulação, como modelação tridimensional, autoestereoscopia, Realidade Virtual e RA, foram usadas para recriar as Ruínas de São Paulo digitalmente.

De acordo com o IC, a tecnologia do metaverso conseguiu levar o público numa viagem cultural através da realidade e do tempo, apresentando a construção da Igreja de São Paulo há mais de 400 anos.

“Esta iniciativa combinou com sucesso turismo, história e cultura, com o objetivo de expandir a experiência turística,” diz o IC.

No entanto, Davis Fong Ka Chiu, Director do Instituto para os Estudos de Jogos Comerciais da UM, tem uma interpretação completamente diferente do uso de tecnologia no turismo em Macau.

Fong sublinhou que a maioria dos turistas que regressam a Macau ainda se concentram nas atrações turísticas tradicionais e que, “honestamente, os projetos turísticos alargados pelas tecnologias relacionadas com o metaverso não geram benefícios económicos diretos”.

O economista do jogo considera que o modelo de negócio de promoção do turismo de Macau através do conceito de metaverso não está maduro.

O número de visitantes de Macau recuperou rapidamente durante o Ano Novo Chinês e permaneceu relativa mente alto em fevereiro após os feriados.

No início deste mês, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) indicou que a imagem de Macau como cidade turística mudou e que 85 por cento dos visitantes na cidade são agora jovens e pessoas de meia-idade com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos, sendo a maioria mulheres.

De acordo com o departamento, menos de 5 por cento dos visitantes vêm a Macau especifcamente para jogar.

“Não existem casinos ou hotéis no metaverso, então não há receita de jogo ou receita de hotelaria. Todos os projetos que vi até agora são gratuitos, como uma espécie de serviço de promoção de turismo, por isso o modelo de negócio ainda precisa ser explorado” diz Fong ao PLATAFORMA.

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