Stoltenberg responde acusações do Presidente russo: “Foi Putin quem iniciou esta guerra”

por Viviana Chan
TSF

Jens Stoltenberg rejeita a acusação de Vladimir Putin que atribuiu ao Ocidente da responsabilidade pelo início do ataque russo à Ucrânia.

O secretário-geral da Nato, Jens Stoltenberg apelou, esta terça-feira, ao presidente russo para “reconsiderar” a decisão de abandonar o tratado de não-proliferação nuclear “New Start”, lamentando a decisão anunciada por Vladimir Putin.

Na primeira declaração após o discurso de Vladimir Putin, sobre o estado da nação, Jens Stoltenberg recorda os acontecimentos de 24 de fevereiro do ano passado, apontando responsabilidades a Moscovo.

“Foi o Presidente Putin quem iniciou esta guerra imperial de conquista, é Putin quem continua a escalar a guerra, ninguém está a atacar a Rússia”, afirmou o secretário-geral da Nato, frisando que “a Rússia é o agressor [e] a Ucrânia é a vítima da agressão”.

A falar em Bruxelas, no final de uma reunião com o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, e com o chefe da diplomacia europeia, O secretário-geral da Nato a lamentou a decisão de Vladimir Putin para suspender o tratado de não proliferação de armas nucleares estratégicas, pedindo-lhe para reconsiderar.

“Lamento a decisão hoje tomada pela Rússia de suspender a sua participação no tratado New Start. Com esta decisão (…) toda a arquitetura de controlo de armas foi desmantelada. Encorajo vivamente a Rússia a reconsiderar a decisão e a respeitar os acordos existentes”, afirmou Stoltenberg.

China

Jens Stoltenberg lamenta que a Rússia esteja a arrastar outros países “e a preparar-se para mais guerra”. O secretário-geral da Aliança Atlântica afirma que “a Rússia está a lançar novas ofensivas, a mobilizar mais tropas, e a estender a mão à Coreia do Norte e ao Irão”.

Mas a preocupação dos membros da aliança Atlântica estende-se ainda mais a oriente. “Estamos também cada vez mais preocupados com a possibilidade de a China poder estar a planear dar apoio à guerra da Rússia”, admite Stoltenberg.

O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba revelou ter tido uma conversa com o conselheiro de Estado chinês, sobre as ideias de Pequim para restabelecer a paz. Kuleba lembrou que “o Presidente Zelensky também apresentou o seu plano de dez alíneas”, entre as quais consta “o princípio da integridade territorial” da Ucrânia.

“No que se relaciona com a posição chinesa, penso que há um elemento que é comum entre a Ucrânia e a China, que é uma pedra angular: o princípio da integridade territorial”, afirmou o ministro ucraniano.

“Portanto, tudo o que a China tem feito e fará no contexto da agressão russa contra a Ucrânia, se tivermos em conta o aspeto da retórica política e olharmos para as ações, devemos ter como objetivo a defesa do princípio da integridade territorial”, sublinhou, considerando que se tal não acontecer, será enviada uma mensagem que “mina” o principio da integridade territorial.

“Porque se qualquer país do mundo ajudar a Rússia a destruir a integridade territorial da Ucrânia, então o princípio é minado e a mensagem é clara [e] e qualquer um pode fazê-lo em qualquer outra situação específica no mapa global”, vincou.

Escassez de munições

Dmytro Kuleba alertou ainda para a necessidade de acelerar as negociações com indústria, assegurando que “as decisões políticas” para a aquisição de novo material, como equipamentos e munições, embora reconheça que a “nível técnico” é preciso avançar para garantir que os contratos são assinados.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell propõe aos Estados-Membros um plano de três alíneas para restaurar a capacidade ofensiva da Ucrânia e repor os stocks dos aliados.

“A primeira coisa a fazer é usar o que temos, em segundo lugar, conseguir ter mais”, defendeu Borrell, apontando que “para termos mais, temos de negociar e comprar à indústria”.

“Os Estados-Membros, muitos deles, já o fizeram sozinhos, [mas] fazer isso em conjunto é ainda melhor”, vincou o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa e de Defesa Comum, detalhando em seguida a terceira alíneas do plano que deverá chegar, esta terça-feira, por carta, aos gabinetes dos ministros da Defesa da União Europeia.

“Em terceiro, temos de aumentar a capacidade da indústria, porque hoje o ritmo de utilização de munições é maior do que o ritmo de produção. E, se a água vai mais depressa do que chega no fim, fica vazio”, afirmou Borrell, revelando que já insistiu junto dos governos europeus, a apelar ao sentido de urgência.

“Ontem à noite enviei uma carta a todos os ministros da defesa que a vão receber ainda hoje, a pedir-lhes que forneçam munições à Ucrânia a partir dos seus stocks e a partir dos contratos que já assinaram com a indústria, dando prioridade à Ucrânia, porque os parâmetros de tempo do que está a acontecer e o que temos de fazer é medido em semanas e não em meses”, vincou Josep Borrell.

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