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Memphis divulga vídeo de homem negro espancado por policiais

A cidade americana de Memphis divulgou na sexta-feira o vídeo que mostra o espancamento que matou um homem negro de 29 anos, o que provocou protestos contra a violência da força de segurança em algumas regiões dos Estados Unidos.

Os cinco policiais, também negros, foram indiciados por homicídio em segundo grau pelo espancamento de Tire Nichols, que morreu em um hospital em 10 de janeiro, três dias após ser detido sob suspeita de direção perigosa.

As imagens, registradas pelas câmeras no corpo dos policiais, mostram um grupo de oficiais prendendo Nichols e tentando derrubá-lo usando uma arma de eletrochoque Taser e o perseguindo enquanto ele foge.

Os trechos seguintes da filmagem, que dura uma hora e oferece áudio apenas em algumas partes, mostram Nichols chorando por sua mãe e gemendo, enquanto leva chutes e socos dos policiais.

Após a divulgação das imagens, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou-se “indignado e profundamente dolorido”. “As imagens divulgadas nesta noite irão deixar as pessoas indignadas, com razão”, reconheceu, pedindo que a população mantenha a calma.

A morte de Tyre Nichols em 10 de janeiro remete à do também afro-americano George Floyd, assassinado por um policial branco em maio de 2020. Na ocasião, as manifestações contra o racismo e a violência policial incendiaram o país sob o lema “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam).

Rodney King

Na sexta-feira à noite foram registrados protestos nas cidades de Memphis, Washington, Nova York, Filadélfia, Atlanta, entre outras, todas pequenas e pacíficas.

Em Memphis, quase 50 pessoas se reuniram em um pequeno parque do centro da cidade e depois caminharam por uma avenida aos gritos de: “Sem justiça não há paz” e “Diga o nome dele: Tyre Nichols”.

A Casa Branca informou que funcionários do alto escalão instruíram prefeitos de mais de várias cidades caso eles precisem de ajuda federal devido aos protestos.

“Quando meu marido e eu chegamos ao hospital e vi meu filho, já estava morto. Fizeram picadinho dele. Tinha hematomas por todas a parte. Sua cabeça estava inchada como uma melancia”, disse, aos prantos, RowVaughn Wells, mãe de Nichols, em entrevista hoje à rede de TV CNN.

A chefe de polícia de Memphis, Cerelyn Davis, disse que as imagens das detenções do jovem de 29 anos por uma infração de trânsito são “iguais ou piores” do que as da surra contra Rodney King em 1991, que provocaram distúrbios que se estenderam por dias em Los Angeles e deixaram dezenas de mortos.

O presidente Biden conversou com a mãe e o padrasto de Nichols para expressar suas condolências, informou a Casa Branca.

‘Mamãe! Mamãe!’

Um dos advogados da família de Nichols, Ben Crump, revelou hoje detalhes do vídeo, antes da divulgação do mesmo. Nichols “chama sua mãe três vezes. Suas últimas palavras são ‘Mamãe! Mamãe! Mamãe!'”, disse ao lado de Wells, que baixou a cabeça, emocionada.

Em 7 de janeiro, policiais de Memphis quiseram deter Nichols por causa de uma infração de trânsito. Quanto os agentes se aproximaram, “houve um enfrentamento” e “o suspeito fugiu”, segundo a polícia.

Por fim, Nichols foi pego e detido em circunstâncias que as autoridades até agora têm evitado descrever com precisão. Nichols queixou-se de dificuldade para respirar durante a detenção e foi hospitalizado. Ele morreu três dias depois.

Os cinco policiais envolvidos na ação foram acusados de homicídio e presos. Quatro deles foram posteriormente liberados sob fiança.

O diretor do FBI Christopher Wray disse que ficou “horrorizado”, e o procurador-geral americano, Merrick Garland, anunciou a abertura de uma investigação federal sobre o caso.

Os advogados da família, assim como os pais do jovem, criticaram a violência, mas agradeceram “a rapidez” das medidas tomadas contra os policiais.

O reverendo Al Sharpton, conhecido por sua luta pelos direitos civis, disse que conversou com a família Nichols e que pretende viajar a Memphis nos próximos dias. “O fato de esses agentes serem negros torna isto ainda mais impactante para nós”, comentou.

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