![](https://plataformamedia.sgp1.digitaloceanspaces.com/2022/05/Paulo-Rego-1.jpg)
A decisão, repentina, de inverter a política de Covid-zero, era a única que a China poderia ter tomado, face às circunstâncias económicas, sociais e políticas que assolam o país. O vírus não mudou, nem fugiu…
O que mudou foi a visão política, que agora entende a urgência de aprender a viver com a pandemia, desistindo de prolongar a ilusão de que um dia o vento a levaria, num passe de mágica celestial. O risco de saúde pública, esse, mantém-se.
E todos os cuidados devem ser agora redobrados, sobretudo nos casos da terceira idade e dos sistemas imunitários fragilizados por outras doenças. Do ponto de vista dos cuidados preventivos – e paliativos – este ano será crucial, sobretudo para quem tem comorbidades ao nível do coração, pulmão, vias respiratórias, etc… Porque Macau esteve três anos numa bolha, sem desenvolver a imunidade comunitária, a população está agora duplamente exposta à inevitável transmissão acelerada do Covid-19 – e outras doenças.
O facto de estar mais de 90 por cento da população vacinada, pelo menos com uma dose, é positivo; mas não resolve. Todos devem tomar as doses ainda em falta; sendo responsabilidade do Estado, família e amigos, explicar a quem ainda não se vacinou que este é o momento em que deve fazê-lo.
O uso da máscara em locais com muito movimento, ou espaços fechados; mesmo não sendo obrigatório, continua a ser altamente recomendável. Sobretudo no caso dos mais idosos e com quem com eles conviva mais diretamente, para evitar a transmissão em casos de particular fragilidade. Por fim, espera-se que o Executivo reforce devidamente as condições de atendimento nos hospitais e centros de saúde.
Leia também: Baixa vacinação de idosos justifica política de casos-zero de covid-19 em Macau
E nesta fase é também crucial estabelecer linhas de apoio telefónico e online para que a população tenha um sentimento de segurança e cuidados certos no tempo certo.
Em troca deste risco, Macau segue a decisão da China – outra coisa não podia fazer – e abre um novo ciclo, há muito ansiado. Este é o momento de recordar as declarações do Chefe do Executivo, quando das comemorações dos 23 anos da Região Administrativa Especial:
“Com o relaxamento progressivo das restrições de circulação de pessoas, a assinatura dos contratos de concessão” de jogos em casino, e com “o desenvolvimento adequado e diversificado da economia” e “o firme apoio da grande Pátria”, Macau vai “ultrapassar as dificuldades e criar um novo cenário de desenvolvimento”.
Leia também: Governo de Macau diz que relaxamento da política ‘zero covid’ vai levar à normalidade
Agora, este é o dezembro que verdadeiramente conta. É o início de um ciclo novo, e Ho Iat Seng tem dois anos para provar o que vale; e o que valem as promessas que fez:
O Governo tem vindo “a promover proativamente várias indústrias”, como a de “big health”, a indústria financeira moderna, a indústria da tecnologia de ponta, as indústrias de convenções e exposições e comercial e as indústrias cultural e desportiva, tendo em vista o enriquecimento do conteúdo do Centro Mundial de Turismo e Lazer e a promoção ordenada do desenvolvimento adequado e diversificado da economia”, disse também este ano.
Não é bem assim… mas vai mesmo ter de ser.
E o tempo é agora.
*Diretor-Geral do PLATAFORMA