João Lourenço: “Não queremos ser meros exportadores”

por Gonçalo Lopes

Em entrevista à Voz da América (VOA), em que abordou assuntos de interesse nacional e da política externa, João Lourenço afirmou que África não quer continuar a ser mero exportador de matérias-primas. Acompanhe a entrevista, a seguir 

Para além daquele acordo que sabemos, de dois mil milhões de dólares, queria perguntar-lhe em que Angola está interessada em ter os Estados Unidos a investir? E a curto prazo? O que é que se pode esperar desta relação em termos económicos?

Eu vou começar por falar da Cimeira em geral. Terminou ontem a segunda Cimeira Estados Unidos da América/África. A nosso ver foi muito boa cimeira. Nós, os países africanos, saímos daqui satisfeitos.

Cremos que foi atingido o objectivo pelo qual o Presidente Joe Biden realizou esta cimeira, na medida em que ficou a garantia de financiamento americano, financiamento público para as infra-estruturas de que o continente necessita, mas também créditos à exportação para empresas americanas que queiram fazer investimento privado em África. E com números!

Portanto, não foi conversa no ar, muito abstracta, foi muito concreta nos números de quanto é que vai dar para o investimento público em infra-estruturas públicas, quanto é que vai dar nos próximos anos para o crédito à exportação às próprias empresas americanas. É uma forma também de fazer crescer as empresas americanas e resolver a nossa grande necessidade de investimento privado nos nossos países.

Por outro lado, consideramos ter tido um ganho, um ganho político, chamemos-lhe assim, pelo facto de o Presidente Joe Biden se ter comprometido que vai acontecer o que ele anunciou, a entrada da União Africana como membro permanente do G20, isso por um lado, mas, por outro lado, também a possibilidade de o nosso continente e América Latina virem a estar representados no próprio Conselho de Segurança das Nações Unidas como membros permanentes.

Aliás, reclamação que nós os países africanos, da América Latina, da Ásia, temos vindo a fazer há mais de 40 anos. Neste aspecto, devemos dizer que foi bastante produtiva e vamos agora ver as formas de implementação de tudo isso.

Em relação ao nosso interesse no investimento privado americano, em que áreas?

Em todas, praticamente, para além daquelas onde eles já estão há décadas, que é no sector dos Petróleos. Portanto, além disso, nós pretendemos ver o investimento privado americano na transição energética investir em fontes renováveis de energia e na agricultura, na transformação dos nossos minérios.

Nós queremos industrializar os nossos países, não queremos continuar a ser meros exportadores de matérias-primas, e houve esse compromisso da parte dos americanos. Eles sim vão ajudar nesse sentido.

Queremos ver as empresas americanas a entrar no turismo. Já começam, sobretudo no turismo de conservação. É uma empresa americana que ganhou o concurso para a gestão do Parque do Iona, e vai estender-se esse entendimento também ali para o parque do Luengu-Luiana, no Cuando Cubango.

Em relação ao sector dos Transportes, concretamente na gestão dos portos, dos aeroportos, e de outras grandes infra-estruturas que nós queremos concessionar, não queremos que seja o Estado a gerir essas grandes infra-estruturas. Portanto, de uma forma geral, é isso, estamos satisfeitos com a cimeira.

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