Apostar no desenvolvimento holístico dos alunos de Macau

por Mei Mei Wong
Viviana ChanViviana Chan

Diretores de escolas juntaram-se para discutir o futuro do ensino não superior em Macau e Grande Baía. Embora se dê prioridade a áreas científicas, a falta de oportunidades no mercado local justifica uma diversificação no ensino

Durante a Conferência de Diretores de Educação Não Superior da Área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, organizada pela Universidade de Macau no passado sábado, o Presidente do Conselho Fiscal da Associação das Escolas Católicas de Macau, Paul Pun, proferiu um discurso subordinado ao tema “Expandir a Educação Inclusiva – Todos Somos Promotores e Guardiões”.

Nesse discurso, Pun descreveu a sua própria experiência na Escola São João De Brito, destacando que os educadores escolares devem respeitar e cuidar de diferentes tipos de alunos.

“O futuro desenvolvimento da educação devia ser holístico, incluindo o cultivo de talentos tecnológicos e educação moral” salientou Pun. Para o antigo diretor – que deixou o cargo de diretor da Escola São João de Brito no ano passado – a educação integral não se atinge apenas com dinheiro, mas sim através da transmissão de valores corretos, da formação de bons professores e do incentivo de políticas governamentais.

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Ao mesmo tempo, observou que a educação moral é muitas vezes negligenciada em detrimento de disciplinas com resultados mais concretos e visíveis a curto prazo.

“Num concurso de canto, pode-se ganhar prémios se cantar bem. Também se ganha prémios em concursos de tecnologia, mas não há uma competição de moral”.

VISÃO HOLÍSTICA

Esta Conferência reuniu vários académicos na área da educação e diretores de entidades de educação não superior em Macau e na Área da Grande Baía para discutir o contexto atual, oportunidades e desafios enfrentados pela educação não superior na região, especialmente em Macau. Os participantes acreditam que com o forte apoio do Governo da RAEM no desenvolvimento da educação, foi lançada uma base sólida ao longo dos últimos 20 anos, e que a próxima fase do ensino não superior em Macau deveria centrar-se no cultivo das “soft skills” e capacidades interpessoais dos alunos.

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Em entrevista ao PLATAFORMA, outro orador do evento, o subdiretor da Escola dos Moradores de Macau, Chan Ka Leong, concordou que o cultivo de talentos científicos e tecnológicos é atualmente uma prioridade.

“Muitas vezes, no ensino não superior, muitos alunos têm notas excelentes, mas quando chegam ao ensino superior não escolhem cursos relacionados com ciências porque não há muitas vagas nesta área no mercado de trabalho em Macau”, explicou Chan.

Este membro do Conselho Executivo do Governo da RAEM salientou que uma das quatro grandes indústrias definidas para o futuro desenvolvimento de Macau inclui a alta tecnologia.

“O relatório do 20º Congresso Nacional enfatiza que a educação e os talentos tecnológicos são a base do desenvolvimento social. Portanto, devemos focar-nos no cultivo dessa área na educação não superior,” descreveu.

EDUCAÇÃO DIVERSIFICADA

Segundo Chan, o ensino não superior em Macau desenvolveu-se de maneira “muito sólida” no passado.

Em primeiro lugar, as leis e regulamentos têm sido continuamente promovidas e melhoradas, e a integração das escolas públicas e privadas foi concluída. Em segundo lugar, desde 2014, Macau introduziu o quadro da organização curricular da educação regular do regime escolar local e requisitos para competências académicas básicas da educação regular.

Estas reformas curriculares acrescentaram flexibilidade ao currículo escolar de Macau, não só para melhorar a formação de talentos, mas também para melhorar o funcionamento das escolas. O investimento em educação no passado também produziu bons resultados, com Chan a destacar a alta classificação dos estudantes de Macau no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes de 2018 (PISA 2018).

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Os resultados do estudo mostraram que entre os 79 países/economias participantes no programa, os estudantes de 15 anos de Macau ocupavam o terceiro lugar no mundo em alfabetização, em leitura, matemática e ciências, depois da China (Pequim – Xangai – Jiangsu – Zhejiang ) e Singapura, o melhor resultado da cidade no PISA até agora. A este respeito, Chan Ka Leung acredita que com 20 anos de desenvolvimento desde a transferência de soberania, o ensino não superior deve considerar o desenvolvimento de um ensino diversificado.

“Embora muitas escolas estejam no bom caminho, devemos pensar em novos rumos, como escolas internacionais e escolas com características especiais.

“UMA ESCOLA, DOIS SISTEMAS” EM HENGQIN E MACAU

Chan Ka Leung nota também ao PLATAFORMA que o Plano de Desenvolvimento da Grande Área da Baía Guangdong-Hong Kong-Macau refere que Macau e o Interior da China devem promover-se mutuamente na área da educação. O subdiretor acredita que qualquer escola no Novo Bairro de Macau em Hengqin deve adotar uma abordagem “uma escola, dois sistemas”, com aulas que sigam o quadro curricular de Macau e outras que sigam a estrutura académica da China continental.

A Secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Iong U, revelou recentemente que o governo pretende construir uma escola no Novo Bairro de Macau em Hengqin, que ocupará 20 mil metros quadrados e será construída conforme as normas de Macau.

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Esta escola irá dar prioridade a residentes de Macau, com habilitações académicas equivalentes às da cidade, prevendo-se que tenha capacidade para cerca de 1.000 alunos divididos por 18 turmas do ensino básico e 12 turmas de jardim de infância.

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