O presidente chinês, Xi Jinping, chega nesta quarta-feira (7) à Arábia Saudita, maior exportador mundial de petróleo, para reuniões com líderes da região, em meio a uma crise ligada à guerra na Ucrânia.
Bandeiras chinesas e sauditas tremulavam nas avenidas da capital Riade, enquanto a foto de Xi Jinping dominava as primeiras páginas dos jornais sauditas, destacando os potenciais benefícios econômicos da visita.
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O gigante asiático e o país do Golfo, seu principal fornecedor de petróleo, parecem querer estreitar relações em um contexto de incertezas econômicas e realinhamento geopolítico.
Esta é a terceira viagem de Xi Jinping ao exterior desde o início da pandemia de covid-19 em 2020 e a primeira à monarquia do petróleo desde 2016.
Encontros bilaterais estão programados durante a viagem de três dias com o rei Salman e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, governante de fato do reino, além de uma cúpula na sexta-feira com os seis países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e outra com líderes árabes.

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Espera-se que a energia domine as discussões entre o maior exportador mundial de petróleo bruto e a China, o maior importador mundial.
O G7 e a União Europeia introduziram na sexta-feira passada um teto ao preço do petróleo russo para exportação – a 60 dólares o barril -, com o objetivo de privar Moscou dos meios de financiar sua guerra na Ucrânia, criando novas incertezas no mercado global.

No domingo, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, liderada pela Arábia Saudita, e seus aliados, conduzidos pela Rússia (OPEP+) concordaram em manter o rumo decidido em outubro de redução de dois milhões de barris por dia até o final de 2023.
A agenda da visita não foi divulgada, mas Ali Shihabi, analista saudita próximo ao governo, disse esperar que “vários acordos sejam assinados”.
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Além da energia, as discussões podem se concentrar no envolvimento de empresas chinesas em megaprojetos, que incluem uma cidade futurística de US$ 500 bilhões chamada NEOM.
Segundo a agência de notícias saudita SPA, a Arábia Saudita atraiu mais de 20% dos investimentos chineses no mundo árabe entre 2002 e 2020.
Por sua vez, o secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo, Nayef al-Hajraf, destacou a importância da cúpula de sexta com os seis países do bloco, dizendo querer “reforçar a cooperação” nas áreas de economia, desenvolvimento e comércio, entre outras.
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A visita de Xi Jinping será, sem dúvida, acompanhada de perto pelos Estados Unidos, importante aliado dos países do Golfo, em particular da Arábia Saudita.

A parceria entre os dois países, muitas vezes descrita como um acordo de “petróleo por segurança”, foi selada após a Segunda Guerra Mundial.
Porém, a redução da produção decidida em outubro pela Opep+ irritou Washington, que denunciou um “alinhamento com a Rússia”.
Mas mesmo que a Arábia Saudita coopere com a China na venda e produção de armas, Pequim não pode fornecer as mesmas garantias de segurança que Washington, segundo analistas.
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