Ex-presidente do parlamento são-tomense libertado sem indícios de envolvimento em ataque a quartel

por Viviana Chan
Lusa - São Tomé

O ex-presidente do parlamento são-tomense Delfim Neves foi hoje libertado por falta de “indícios fortes de envolvimento” no assalto ao quartel na sexta-feira, após ter sido detido pelos militares como alegado mandante, disse à Lusa o advogado.

“O despacho [de libertação] foi emitido hoje à noite pela juíza de instrução criminal, atendendo a que não existem indícios fortes e sólidos de o mesmo [Delfim Neves] estar envolvido”, disse à Lusa o advogado do antigo presidente da Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe, Hamilton Vaz.

Segundo a defesa de Delfim Neves, este ficou sujeito a termo de identidade e residência.

O advogado não esclareceu se existe alguma acusação contra o deputado.

Delfim Neves foi detido às primeiras horas da manhã de sexta-feira pelos militares, quando se encontrava na sua casa, por ter sido alegadamente indicado como um dos mandantes do ataque ao quartel-general do exército.

Na madrugada de dia 25, quatro homens atacaram o quartel das Forças Armadas, na capital são-tomense, num assalto que se prolongou por quase seis horas, com intensas trocas de tiros e explosões, e durante o qual fizeram refém o oficial de dia, que ficou ferido com gravidade devido a agressões.

O ataque foi neutralizado pelas 06:00 locais (mesma hora em Lisboa), com a detenção dos quatro assaltantes e de 12 militares suspeitos de envolvimento na ação, que foi classificada pelas autoridades são-tomenses como “uma tentativa de golpe de Estado” e condenada pela comunidade Internacional.

Os militares também detiveram, na sua casa, Arlécio Costa, antigo oficial do ‘batalhão Búfalo’ que foi condenado em 2009 por uma tentativa de golpe de Estado, e que terá sido igualmente identificado pelos atacantes como mandante.

Três dos quatro atacantes e Arlécio Costa morreram na sexta-feira e imagens dos homens com marcas de agressão, ensanguentados e com as mãos amarradas atrás das costas, ainda com vida e também já na morgue, foram amplamente divulgadas nas redes sociais.

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, brigadeiro Olinto Paquete, afirmou que os três assaltantes morreram na sequência de uma explosão quando os militares procuravam libertar o refém e Arlécio Costa porque se “atirou da viatura”.

Delfim Neves, eleito nas legislativas de outubro de 2018 pelo Partido de Convergência Democrática (PCD), presidiu ao parlamento são-tomense no anterior mandato, que terminou com a vitória da Ação Democrática Independente (ADI) com maioria absoluta nas eleições de setembro passado.

Nestas legislativas, foi eleito deputado, juntamente com o ex-secretário-geral da ADI Levy Nazaré, pelo movimento Basta, criado em junho do ano passado. Atualmente tem o mandato suspenso.

Delfim Neves também concorreu às presidenciais de 2021, tendo ficado colocado em terceiro lugar na primeira volta, resultado que contestou alegando ter ocorrido uma fraude “maciça”.

Pode também interessar

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!