Um toque macaense

por Mei Mei Wong

A cultura gastronómica macaense não foi esquecida nesta edição. Numa das bancas o PLATAFORMA encontrou a chefe Antonieta Manhão, que preparava folhas de figueira para fazer chá e xarope.

“Costumavam existir imensas figueiras em Macau”, disse. Hoje, a realidade é diferente, mas o xarope dourado, que representa a cor das memórias de várias gerações, mantém- se vivo pela insistência da comunidade macaense em preservar a sua essência.

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Passando por várias salas de aula e cozinhas em Macau, os copos de chá de figo macaense provam a sua ligação íntima à cultura cantonesa.

Apesar da população da região de Lingnan, na província de Guangdong, beber tradicionalmente chás de ervas para combater o calor, a comunidade macaense foi gradualmente usando folhas de figueira para lidar com as temperaturas.

Este chá macaense inclui um pequeno copo de xarope de figo, para acalmar os pulmões e limpar a garganta.

Todo o processo de preparação, desde a lavagem das folhas até à sua cozedura, demora cerca de seis horas. Uma demonstração deste processo pela chefe, também conhecida como Chefe Neta, prova que também pode ser utilizado em vários pratos, incluindo o bolo tradicional de figo e mel, onde a polpa da fruta é o ingrediente principal.

“Quando era nova e visitava a casa da minha avó, no Jardim da Flora, tínhamos um pequeno quintal e uma pequena figueira”, conta Neta, explicando que a tradição deste xarope de figo se manteve graças à preservação da sua essência e cultura.

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O xarope dourado, que representa a cor das memórias de várias gerações, oferece o travo certo de doçura. Os tempos mudam, e nem a casa nem a árvore sobreviveram.

Mas, felizmente para a família de Antonieta, a tradição foi passada de geração em geração, preservando esta memória única da população macaense. Depois de anos a promover esta cultura em Macau, tem tido sucesso na divulgação dos pratos tradicionais da Região, mesmo durante a pandemia.

“A Feira conseguiu desenvolver a sua própria marca, por isso tanta gente confia no evento”.

A chefe de cozinha aponta que estes pratos, em tempos herança de cada família macaense, têm sido promovidos com a ajuda do Governo de Macau e da Associação dos Macaenses, num esforço de maior sensibilização para a gastronomia macaense.

No entanto, lamenta o desconhecimento de muitos sobre a diferença entre a gastronomia macaense e a portuguesa.

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