GP de Macau: Charles Leong – “Estou tranquilo”

por Mei Mei Wong
José ReisJosé Reis

É um nome que certamente traz orgulho a Macau. Charles Leong, com apenas 21 anos, já conquistou dois campeonatos de F4 no Grande Prémio de Macau, conquistados em 2020 e 2021. Agora, em 2022, tentará o terceiro, para manter o troféu em “casa”. Ainda sem F3 nesta edição, pensa já na possibilidade de Macau receber a F1. “Acho que se tentarem, podem ter sucesso”

-Qual a sua primeira memória de corridas de automóveis. Porque motivo começou a correr?

Charles Leong – O meu interesse em corridas de automóveis começou com uma série de anime japonesa chamada “Initial D” e que também deu origem a um videojogo. Experimentei esse jogo quando tinha três anos, na primeira vez que fui a uma sala de jogos. Foi assim que ganhei o gosto pelo desporto. Seguia a F1 na televisão e a primeira vez que assisti ao GP de Macau foi na 60ª edição, que teve dois fins-de-semana de competição. Antes disso, não ligava muito.

-Qual é o seu piloto favorito de F1?

C.L. – É o Max Verstappen, desde que corre em karts. Sempre tentei aprender com ele. Gosto do seu estilo de condução. É muito agressivo e assume o risco. Cometeu muitos erros na primeira fase da carreira, mas agora vai a caminho de ser bicampeão mundial. Corre no limite, mas sabe que existem limites e conduz de forma quase perfeita.

-Qual é a sua opinião sobre trazer a F1 para Macau?

C.L. – Acho que Macau pode receber a F1. O Mónaco também é muito pequeno e tem uma das corridas mais icónicas. Não sou especialista na área da segurança de circuitos e não sei o que seria necessário fazer na Guia ou noutro local, para viabilizar uma corrida de F1, mas acho que se tentarem, podem ter sucesso.

-Aos 10 anos competiu pela primeira vez. Como foi começar tão cedo?

C.L. – A primeira competição foi em karting, na China Continental. Em Macau, a minha primeira experiência foi negativa. Cheguei ao kartódromo de Coloane e disseram tinha de ter 18 anos e carta de condução, além de não haver ninguém que apoiasse ou desse conselhos sobre a pista ou o carro. Ainda assim, em 2011, participei no Campeonato Asiático de Karting, na categoria de Mini ROK, integrado numa equipa que apostou em mim.

-De 2016 a 2018, passou pela Fórmula Masters, AFR Series, Fórmula Renault e F3. Qual destas transições representou o maior desafio?

C.L. – O desafio foi idêntico em cada transição. O importante é a adaptação ao novo carro. Há sempre um período inicial de testes, que dura cinco a dez dias. O problema é que os orçamentos crescem exponencialmente. Na F3, um dia de testes pode custar 10 mil euros.

-No seu caso, o apoio familiar foi essencial.

C.L. – Foi a minha família que me apoiou no início. O Governo também ajudou, mas cheguei à F3 com 16 anos e a dimensão dos orçamentos era demasiado grande para a família suportar. O que recebia do Governo também não era suficiente para uma época completa.

-A obtenção de patrocínios é o constante obstáculo para todos os pilotos, particularmente para os pilotos de Macau.

C.L. – Em Macau é sempre complicado. Especialmente nestes 3 anos, com a economia em baixo. O próprio desporto mudou. Dantes, era possível correr pelo talento apenas, mesmo que não tivesse muito dinheiro. Hoje, sem patrocínios, não consegues uma equipa. Sem dinheiro, não corres. Essa é a realidade.

-Em 2018, estreia-se na F3.

C.L. – Sim. No GP de Macau.

-Desde então, onde conduziu F3?

C.L. – Em 2018, conduzi em Silverstone, no Campeonato Europeu de F3. Também corri no Campeonato Asiático. Em 2019, conduzi F3 em Sochi, na Rússia, e em Macau. Em 2018, o piloto espanhol Alex Palou bateu na curva do Lisboa e eu e três outros que vínhamos atrás, acabámos por ter de desistir. Mesmo assim, fiquei muito satisfeito com a minha participação, porque só conduzia F3 há seis meses e tinha feito poucas corridas.

-Obviamente, passar de F3 para F4 não é o ideal, mas são as circunstâncias. Este ano, vai defender os títulos de F4 de 2020 e 2021. Sente pressão para ganhar o terceiro?

C.L. – Estou tranquilo. Em Macau, todos os pilotos têm uma hipótese de ganhar, porque o erro é vulgar. Quando estou no carro, a mente fica clara e o nível de foco é muito elevado. Claro que quero ganhar o terceiro e talvez, no ano que vem, quando Macau estiver mais aberto, tentar a F3 novamente. Este ano, será o meu quinto GP de Macau.

-Uma vez que os pilotos têm o mesmo carro, um piloto local tem vantagem por conhecer melhor o circuito?

C.L. – O circuito aprende-se rapidamente. O mais importante é adaptares-te ao carro e conseguir a melhor afinação. Conhecer os limites do carro.

-Em 2022, participam mais pilotos estrangeiros. É algo que lhe agrada?

C.L. – É sempre bom ter pilotos estrangeiros no GP. Não sei porque a F4 não tem essa oportunidade.

– Em que outras categorias já correu?

C.L. – Corri GT na China, com a Harmony Racing, pilotando um Ferrari GT3 458. Gostava de participar na Taça GT Macau, mas não deu este ano.

-E o seu futuro, terá a ver como desporto automóvel?

C.L. – Se puder competir, vou. Se não, talvez gerir uma equipa. Tenho uma equipa de E-racing, que compete na China. Chama-se Macau G Racing E-Motorsport. Quando a situação da Covid-19 melhorar, vai aparecer muito dinheiro na China para o desporto. Sempre pensei em criar e gerir uma equipa e ensinar o que eu aprendi do lado de fora. Promover uma nova geração de pilotos de Macau. Algo que nunca foi feito. A F1 é muito difícil, mas tentar promover o desporto automóvel, sem ser preciso muito dinheiro.

Pode também interessar

Contate-nos

Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

Plataforma Studio

Newsletter

Subscreva a Newsletter Plataforma para se manter a par de tudo!