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Impedimento semiautomático tem grande teste no Mundial do Catar 2022

Coralie Febvre

Quatro anos após a chegada do VAR no Mundal de 2018 na Rússia, os adeptos descobrirão no Qatar-2022 (20 de novembro a 18 de dezembro) uma novidade, o impedimento semiautomático, com o qual se pretende acelerar e tornar mais confiáveis as decisões arbitrais

A chegada desta nova ferramenta tecnológica é anunciada de forma mais discreta do que a da arbitragem de vídeo (VAR), que nos últimos anos tornou familiar o gesto de simular um retângulo que os árbitros fazem para rever as jogadas. As quebras no ritmo das partidas e as polêmicas acompanharam sua implementação ao longo dos anos. 

Apesar das vozes críticas, a Fifa segue com a mesma lógica que já empreendeu na Copa do Mundo de 2014 no Brasil, com a verificação tecnológica de que a bola cruzou completamente a linha do gol. 

Resultado de “três anos de pesquisas e testes” e testada na Copa Árabe no final de 2021 e depois durante o Mundial de Clubes, a “tecnologia semiautomática de impedimento” (SAOT) foi validada pelo órgão mundial no início de julho. 

A ideia, adaptada pela Uefa para a Liga dos Campeões, é ir além dos limites do olho humano, demasiado impreciso para estabelecer sempre a posição dos jogadores e da bola. Com isso, se pretende refinar ao máximo a linha que determina se houve ou não impedimento.

“Não robotizado”

“Sabemos que, às vezes, o processo de verificação de um possível impedimento leva muito tempo, principalmente quando é determinado em poucos centímetros” destacou no início de julho o italiano Pierluigi Collina, presidente do Comitê de Arbitragem da Fifa. 

Embora a tecnologia semiautomática de impedimento deva “permitir decisões mais rápidas e precisas”, promete Collina – árbitro da final da Copa do Mundo de 2002 -, “não é, no entanto, um impedimento robotizado”. A decisão final caberá sempre aos árbitros e árbitros assistentes no campo. 

Na Copa do Catar-2022, esse sistema usará doze câmeras localizadas na cobertura dos estádios e controlará “até 29 pontos de dados” por jogador, “50 vezes por segundo”, incluindo “as extremidades e membros pertinentes para a análise de situações de impedimento”, conforme detalhado pela instância em julho. 

Como tudo depende do momento exato em que a bola está em jogo, um sensor localizado no centro da ‘Al Rihla’, a bola oficial, enviará dados “500 vezes por segundo” para a sala de visualização, iniciando então um processo de duas etapas. 

Primeiramente, com a ajuda da inteligência artificial, um alerta será transmitido “em tempo real” aos árbitros de vídeo “toda vez que a bola for recebida por um atacante que esteja em posição de impedimento” no momento do passe.

O exemplo de Mbappé

Eles devem então “verificar manualmente” esse alerta, que não deverá demorar mais do que alguns segundos, antes de informar ao árbitro principal, a quem cabe a decisão final. 

Uma vez confirmado o impedimento, os mesmos dados posicionais serão traduzidos em uma animação 3D “detalhando a posição dos membros dos jogadores no momento em que a bola foi lançada”. Será transmitido “sob o melhor ângulo possível” nos telões do estádio e disponíveis para as emissoras. 

É impossível, no entanto, automatizar completamente a detecção de impedimento e eliminar a controvérsia: uma vez que a posição dos jogadores é levada em consideração, resta avaliar pessoalmente se um adversário conseguiu tocar a bola intencionalmente. 

A controversa validação do gol de Kylian Mbappé em outubro de 2021 na vitória da França sobre a Espanha (2-1) na final da Liga das Nações da Uefa é um bom exemplo: o atacante dos ‘Bleus’ estava “habilitado para o jogo” apesar de sua posição na tentativa do zagueiro Eric Garcia de interceptá-lo. 

A Uefa considerou então a decisão “correta” mas contrária ao “espírito do jogo”, pedindo então que reescrevesse a regra pela International Board (IFAB), órgão responsável pelas leis do futebol, assunto ainda no ar.

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