Líder do Oath Keepers nega ter planeado ataque ao Capitólio americano

O fundador do grupo de extrema direita Oath Keepers, em julgamento por “sedição”, negou esta segunda-feira ter “planeado” o ataque ao Capitólio e classificou como “estúpidos” quem invadiu a sede do Congresso dos Estados Unidos
Stewart Rhodes, um ex-militar de 57 anos conhecido por usar um tapa-olho e ter se formado em direito na prestigiosa Universidade de Yale, é julgado há mais de um mês junto com outros quatro membros da Oath Keepers em um tribunal federal em Washington.
A promotoria o acusa de ter “conspirado” para combater à força os resultados das eleições presidenciais de 2020 e de ter comprado e armazenado armas perto da capital federal como parte do planejamento do ataque à sede do Congresso.
Usando capacetes e equipamentos de combate, os militantes do Oath Keepers se juntaram aos apoiadores de Donald Trump que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, enquanto os legisladores se preparavam para certificar a vitória de Joe Biden na eleição presidencial.
Rhodes não participou da invasão, mas liderou seus seguidores via rádio, “como um general no campo de batalha”, segundo os promotores.
“Não estávamos lá para travar a certificação dos resultados (da eleição), não tínhamos planejado entrar no Capitólio”, afirmou Rhodes diante dos jurados. “Isso não fazia parte de nossa missão”.
Rhodes disse que os Oath Keepers são “uma organização de aplicação da lei” e foram simplesmente destinados a fornecer segurança durante um comício convocado por Trump para protestar contra os resultados das eleições.
O acusado acrescentou que foi confrontado com um fato consumado e considerou “estúpido” que alguns de seus membros entrassem na sede do Congresso, o que “abriu a porta para nossa perseguição política, e veja onde estamos”.
“Contrária à Constituição”
A promotora Kathryn Rakoczy lembrou que Rhodes gastou 17 mil dólares na compra de armas e equipamento antes de 6 de janeiro, e mostrou várias mensagens nas quais o líder da milícia mencionava especificamente “uma guerra civil”.
O réu desafiou a promotora a provar que ele havia feito um chamado à violência em 6 de janeiro.
Segundo Rhodes, os preparativos enumerados pela promotora tinham como objetivo permitir que os Oath Keepers reagissem rapidamente se Donald Trump decidisse declarar estado de insurreição, sob uma lei de 1807 que autoriza os presidentes a mobilizar certas forças armadas em contextos excepcionais.
“Foi a primeira vez que se realizou uma eleição tão flagrantemente contrária à Constituição”, acrescentou Rhodes, retomando as acusações de fraude que, sem provas, o ex-presidente republicano promove.
Mais de 880 pessoas que participaram do ataque ao Capitólio foram presas e centenas receberam diferentes graus de pena.
Mas apenas alguns membros das milícias Oath Keepers e Proud Boys são processados por sedição, uma acusação punível com até 20 anos de prisão.
Trump é alvo de uma investigação parlamentar para determinar sua responsabilidade.
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