O chefe do governo de Hong Kong, John Lee, declarou nesta quarta-feira (2) que a estabilidade política e a confiança empresarial retornaram à cidade depois da repressão aos protestos pró-democracia em 2019, ao abrir uma cúpula de banqueiros internacionais.
“Fomos, somos e seremos um dos principais centros financeiros do mundo, e isso é uma certeza”, disse Lee aos banqueiros.
Hong Kong sedia uma semana de reuniões de alto nível após anos de agitação política e restrições de viagens em razão do coronavírus que prejudicaram sua imagem como local favorável aos negócios, abalaram sua economia e alimentaram uma fuga de cérebros.
Leia mais sobre o assunto: UE pede revogação da Lei de Segurança Nacional em Hong Kong
A reunião dos banqueiros foi saudada por Lee como prova de que o centro financeiro asiático está novamente aberto aos negócios.
Lee, ex-chefe de polícia e segurança que assumiu o governo este ano, está na lista de autoridades chinesas sancionadas por Washington por sua repressão aos protestos pró-democracia. Os sancionados não podem abrir contas nos bancos que participam do evento.
![](https://plataformamedia.sgp1.digitaloceanspaces.com/2021/09/HK.jpg)
A maior parte da oposição política na cidade está presa ou fugiu para o exterior após os protestos.
“A agitação social está claramente no passado e deu lugar à estabilidade, aumentando a confiança dos negócios e da comunidade no futuro de Hong Kong”, disse Lee em seu discurso.
Leia também: ONU preocupada com menores condenados pela lei de segurança nacional em Hong Kong
“A lei e a ordem voltaram”, acrescentou.
Entre os que vão falar no encontro estão o chefe do Goldman Sachs, David Solomon; o presidente do Morgan Stanley, James Gorman; O presidente da Blackrock, Rob Kapito, e seu colega do JP Morgan Chase, Daniel Pinto.
Na semana passada, os líderes de uma comissão bipartidária do governo e do Congresso dos EUA pediram aos executivos de Wall Street que não participassem da reunião.
![](https://plataformamedia.sgp1.digitaloceanspaces.com/2020/12/000_8U42K3-1024x683.jpg)
Isso ilustrou o equilíbrio que as multinacionais devem atingir em Hong Kong, que é uma porta de entrada lucrativa para a China e um ponto de discórdia nas relações tensas entre Pequim e as potências ocidentais.
Leia também: Bolsa de Hong Kong afunda até 6,5% após Xi Jinping reforçar poder na China
“Sua conexão perfeita com a China continental dá a Hong Kong vantagens que outras economias não têm”, disse Lee.
Terreno incerto
A cúpula ocorre em um momento de incerteza econômica na China sob o presidente Xi Jinping.
Reeleito em outubro para um terceiro mandato histórico, Xi impulsiona regulamentos para controlar algumas das principais empresas da China e mantém uma estratégia estrita de covid zero. A economia de Hong Kong encolheu 4,5% no terceiro trimestre do ano, segundo dados preliminares divulgados na terça-feira.
![](https://plataformamedia.sgp1.digitaloceanspaces.com/2020/11/000_8UT6BX-1024x683.jpg)
Sua Bolsa teve um dos piores retornos do mundo, caindo mais de 50% este ano. Em seu discurso, Lee não fez menção às complexas regras sanitárias mantidas pela China e, em menor grau, por Hong Kong.
Leia também: Reabertura da China só no Verão de 2023 e pode depender da situação em Hong Kong
Hong Kong já eliminou a quarentena obrigatória para quem chega do exterior, mas mantém restrições que foram abandonadas por quase todos os outros países.
Quem chega do exterior deve passar por exames frequentes e não pode ir a bares ou restaurantes nos três primeiros dias na cidade.
As restrições permanecem para várias reuniões e o uso de máscara é obrigatório, mesmo ao ar livre.