De Churchill a Lula: a arte de retornar ao poder

por Gonçalo Lopes

Assim como o líder esquerdista Inácio Lula da Silva, que no domingo conquistou um terceiro mandato como presidente do Brasil, quatro anos após sua polêmica detenção por suspeitas de corrupção, outros líderes políticos na história mundial retornaram de maneira inesperada ao centro do poder.

Winston Churchill

Antes de tornar-se uma das figuras de maior destaque no cenário internacional durante a Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill foi obrigado a renunciar do posto de comandante da Marinha britânica em 1915, após o fracasso na batalha dos Dardanelos, na Turquia, quando morreram dezenas de milhares de soldados.

Porém, 25 anos depois, em maio de 1940, após a invasão da Polônia pela Alemanha nazista, Churchill chegou ao poder.

Primeiro-ministro do governo de coalizão durante o conflito bélico, ele galvanizou o Reino Unido com seus discursos inflamados.

Após a guerra, ele perdeu a eleição e finalmente retornou ao poder em 1951, aos 76 anos.

Charles de Gaulle

Protagonista do “Apelo de 18 de junho” de 1940, Charles de Gaulle presidiu o governo provisório da República Francesa, instalado após a libertação de Paris em agosto de 1944.

Mas renunciou em 1946, por não conseguir unificar os principais partidos. Ele chegou a se aposentar da vida política após o fracasso do RPF (Reunião do Povo Francês) nas eleições municipais de 1953.

Ele, no entanto, voltou a ser o protagonista da política alguns anos depois: em 1º de junho de 1958, após a insurreição de 13 de maio em Argel, o presidente René Coty fez um apelo a De Gaulle, que assumiu o poder no último governo da Quarta República.

Em 21 de dezembro de 1958, De Gaulle foi eleito o primeiro presidente da Quinta República.

Abandonou a política em definitivo em abril de 1969, após o fracasso do referendo sobre regionalização e a reforma do Senado, no qual colocou seu mandato em disputa.

Juan Domingo Perón

Depois de ocupar vários cargos no governo da ditadura militar argentina, Juan Domingo Perón foi eleito presidente em 1946 e reeleito em 1951.

Ele se tornou um dos grandes mitos de história argentina, reforçado pelo papel de sua esposa, a atriz Eva Duarte, Evita, que virou uma importante líder política.

O casal, que fundou o peronismo, teve imensa popularidade, mas foi derrubado por um golpe militar em 1955.

Perón seguiu para o exílio no Paraguai e depois para a Espanha. Em junho de 1973 retornou à Argentina como um herói.

Foi eleito em setembro de 1973 para o terceiro mandato, 18 anos depois do início do exílio, mas faleceu menos de um ano depois.

Deng Xiaoping

Deng Xiaoping, idealizador da modernização da China, grande potência econômica do século XXI, foi destituído diversas vezes.

Nomeado membro do Comitê Central do Partido Comunista Chinês em 1945, ele viveu uma ascensão meteórico após a instauração do comunismo em 1949.

Mas durante a Revolução Cultural (1966-1976), Xiaoping foi acusado de “seguir o caminho capitalista” e enviado como um mecânico para várias províncias.

Em 1973, ele assumiu o posto de vice-primeiro-ministro e depois o de comandante do Estado-Maior da Defesa.

Mas quando o primeiro-ministro Zhou Enlai morreu em janeiro de 1976, Xiaoping foi afastado novamente do poder por “desvio para a direita”.

Ele retornou ao poder em 1978 e iniciou uma política de reforma econômica e abertura.

Aung San Suu Kyi

A líder da oposição em Mianmar venceu as eleições em maio 1990, mas a junta militar se negou a ceder o poder.

Aung San Suu Kyi passou 15 anos em prisão domiciliar na casa de sua família em Yangon.

Ela assumiu o posto de primeira-ministra em 2016, depois que seu partido venceu as primeiras eleições livres em 25 anos.

Em fevereiro de 2021 aconteceu um novo golpe militar. Aung San Suu Kyi foi detida e isolada em uma penitenciária de Naypyidaw.

Silvio Berlusconi

Desde 1994 Silvio Berlusconi governou a Itália em três ocasiões. Os últimos 30 anos desta figura da política italiana se entrelaçam com a história do país.

Aos 86 anos, apesar dos escândalos sexuais e julgamentos que afetaram sua imagem, ele conseguiu o enésimo retorno ao ser reeleito para o Senado, à frente de um dos partidos da coalizão liderada pela extrema-direita, vencedora das eleições legislativas de setembro.

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