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Ucrânia acusa Rússia de transformar rede elétrica em campo de batalha

Emmanuel Peuchot

A Ucrânia acusou a Rússia esta quinta-feira de ter minado a represa de uma central hidroelétrica no sul e decidiu impor um racionamento de energia para aliviar o impacto dos bombardeios russos que destruíram quase um terço das centrais do país antes da chegada do inverno

Os Estados Unidos, por sua vez, asseguraram que o Irão está diretamente envolvido na guerra e envia efetivos à península da Crimeia para ajudar as forças russas a operar os drones kamikaze de fabricação iraniana que Moscovo utiliza nos ataques à Ucrânia.

“Avaliamos que militares iranianos estavam no terreno na Crimeia e ajudaram a Rússia nessas operações”, declarou em Washington o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.

Essas acusações aumentam a pressão sobre o Irã, que já foi alvo de sanções ocidentais por ter fornecido drones kamikaze à Rússia, uma acusação que tanto Moscou como Teerã negam.

Em seu pronunciamento diário, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acusou as forças russas de terem minado uma represa da central hidroelétrica de Kakhovka, situada na província (oblast) de Kherson, e disse temer “uma catástrofe em grande escala” se a barragem for destruída.

Horas antes, em uma intervenção perante os líderes dos países da União Europeia (UE), Zelensky disse que Moscou queria transformar a rede elétrica ucraniana em um “campo de batalha”, para paralisar o país que se aproxima do inverno.

Racionamento energético

Essa estratégia pode provocar um novo êxodo de ucranianos para o bloco europeu, alertou Zelensky, instando os países da UE a fornecer defesas antiaéreas mais sofisticadas a Kiev.

Segundo as autoridades ucranianas, 30% das centrais elétricas do país ficaram destruídas após ataques de mísseis e drones da Rússia.

Por isso, nesta quinta-feira, a Ucrânia decidiu impor uma série de restrições ao consumo de eletricidade.

O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, pediu a população, empresas e comércios que “economizassem ao máximo” o consumo em iluminação e publicidade. 

“Até mesmo as pequenas economias de cada lar vão ajudar a estabilizar o sistema energético do país”, disse. 

Em Kharkiv (nordeste), a segunda maior cidade da Ucrânia, a operadora do metrô anunciou que aumentaria os intervalos entre os trens para economizar eletricidade. 

Sanções por drones iranianos

Diante do suposto fornecimento de armas do Irã para a Rússia, os aliados ocidentais adotaram uma série de penalizações contra Teerã.

A União Europeia impôs nesta quinta sanções contra três generais iranianos e contra uma empresa acusada de fornecer essas armas. O Reino Unido também adotou essas medidas.

“Esta é nossa resposta clara ao regime iraniano que proporciona à Rússia drones usados para assassinar cidadãos ucranianos inocentes”, disse o primeiro-ministro da República Tcheca, Petr Fiala.

A Ucrânia deu boas-vindas à reação “rápida” da UE, enquanto Moscou acusou os países ocidentais de “pressionar” o Irã.

Além disso, outro país que está aumentando o seu papel no conflito é Belarus, aliado da Rússia e fronteiriço com a Ucrânia, especialmente desde que anunciou uma força conjunta com Moscou na semana passada.

As autoridades ucranianas assinalaram que há um risco “crescente” de a Rússia abrir outra frente a partir de Belarus, cujo território já serviu de base para as tropas russas quando a invasão de Ucrânia teve início no final de fevereiro.

‘Deportação maciça’

O presidente Vladimir Putin impôs na quarta-feira a lei marcial nas quatro províncias ucranianas que ordenou anexar à Rússia: Donetsk e Luhansk, no leste, e Zaporizhzhia e Kherson, no sul.

Em Kherson, as autoridades pró-russas ordenaram a evacuação da região diante da pressão da contraofensiva ucraniana. 

Nesta quinta, umas 15.000 pessoas foram transferidas à outra margem do rio Dniepre, que circunda a cidade de Kherson, capital da província homônima.

“Acreditem em mim, tudo vai ficar bem. A província de Kherson já está livre para sempre do nazismo”, disse um responsável da administração pró-Rússia, Kiril Stremeusov, no Telegram, assegurando que as províncias de Dnipro, Odessa e Mykolaiv seriam libertadas “em breve”. 

No total, as autoridades de ocupação planejaram a evacuação de 60.000 civis em Kherson nos próximos dias.

Para Kiev, trata-se de uma “deportação maciça” que busca modificar “a composição étnica do território ocupado”, nas palavras de Oleksiy Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia.

Putin visitou nesta quinta um campo de treinamento para soldados mobilizados na província de Riazan, a sudeste de Moscou, segundo imagens difundidas na televisão.

A contraofensiva que permitiu à Ucrânia recuperar grandes porções de território no leste e no sul do país ganhou impulso recentemente em seu flanco meridional.

Nas áreas recuperadas por Kiev, os moradores iniciam os trabalhos de reconstrução. Muitos ainda dependem de ajuda humanitária para sobreviver.

“Nada mais funciona além disso aqui”, lamenta Ivan Zakharchenko, um morador de 70 anos que espera na fila para receber ajuda em Izium, reconquistada há um mês.

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