Não há paz e segurança duradouras sem combate às alterações climáticas

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu ontem que não há paz e segurança duradouras no mundo se não se assumir o combate às alterações climáticas como grande desafio do presente
O chefe de Estado discursava na Fundação Calouste Gulbenkian, na cerimónia de entrega do Prémio Gulbenkian para a Humanidade, que nesta terceira edição foi atribuído à Plataforma Intergovernamental Ciência-Política sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (IPBES) e ao Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC).
O Prémio Gulbenkian para a Humanidade tem atualmente como presidente do júri Angela Merkel, ex-chanceler da Alemanha, que também discursou nesta cerimónia, alertando para os perigos das alterações climáticas e apelando à ação conjunta para “evitar uma catástrofe ambiental”.
Marcelo Rebelo de Sousa, que interveio depois, considerou que “pode parecer irónico”, quando o mundo enfrenta os efeitos da pandemia de covid-19 e em tempo de guerra na Ucrânia, o Prémio Gulbenkian para a Humanidade distinguir duas instituições ligadas ao combate às alterações climáticas.
“Mas não é. Não há paz e segurança duradouras se não numa geopolítica global em que a prioridade das alterações climáticas e da proteção da biodiversidade represente o grande desafio das nossa gerações. Essa é a verdade das coisas”, defendeu.
O Presidente da República agradeceu à Fundação Calouste Gulbenkian “o exemplo, mais um exemplo de pioneirismo, de grito de alarme em relação ao futuro”, repetindo uma expressão do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
“Todos sabemos que o secretário-geral das Nações Unidas tem razão, há razão para um grito de alarme”, considerou.
O chefe de Estado recebeu hoje Angela Merkel para um almoço no Palácio de Belém, em Lisboa, e condecorou-a com o grau de Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique.
No valor de um milhão de euros, o Prémio Gulbenkian para a Humanidade foi instituído pela Fundação Calouste Gulbenkian em 2020 com o propósito de distinguir pessoas, grupos de pessoas ou organizações que se tenham evidenciado no combate à crise climática com contribuições originais, inovadoras e com impacto.
Em 2021 foi atribuído à jovem ativista sueca Greta Thunberg e na segunda edição, em 2022, ao Pacto de Autarcas para o Clima e Energia, aliança constituída por mais de 10 mil cidades e governos locais de 140 países, incluindo Portugal.