Armadilha de Tucídides é um conceito criado por Graham T. Allison, que espelha a tendência para a guerra quando uma potência emergente ameaça substituir a potência dominante – como entre Atenas e Esparta.
Xi Jinping garante que isso não vai acontecer, explicando aos Estados Unidos e seus aliados que a China não é militarista; que defende o multiculturalismo, o comércio livre e o bem comum da humanidade. Contudo, a tensão no Mar do Sul da China é séria – e perigosa.
O “rejuvenescimento” da China; ou seja, o crescimento interno e a afirmação internacional, virando a página ao “século de humilhação”, inclui uma indisfarçada ambição de conquista em tudo quanto é ilha, atol, e banco de areia… disputados ao Japão, Taiwan, Vietname e Filipinas.
Por seu turno, nas recentes visitas a Taipé e à Coreia do Sul, Nancy Pelosi deixa claro que os Estados Unidos recorrerão às armas para conter qualquer avanço chinês que considere ilegítimo.
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O dilema de segurança põe-se sempre que um dos lados dá tantos passos para garantir a sua segurança que, de facto, ameaça a segurança alheia. E essa linha vermelha é neste momento muito ténue. Por um lado, os Estados Unidos portam-se como se a democracia liberal fosse uma missão divina que lhes dá o direito de patrulhar a Ásia-Pacífico para conter o satanás chinês.
Imagino como isso irrita Xi Jinping – e com razão. Por outro, é óbvio que a “longa marcha” que a China leva a cabo espalha pelos quatro cantos do mundo uma alternativa marxista-leninista, com características chinesas, que desafia a democracia liberal. E isso assusta o ocidente – com razão.
Mais razão ainda têm todos quantos alertam para o que a História nos ensina: na maioria dos casos em que um choque civilizacional contrapôs as potências emergente e dominante, a guerra acaba por eclodir.
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Mas nem sempre…
A responsabilidade maior de Washington e de Pequim é de fazerem deste momento um daquelas exceções que possamos comemorar, passando o rubicão em paz e prosperidade.
*Diretor-Geral do PLATAFORMA