Em 2023, mais de três quintos dos trabalhadores do Estado terão atualizações salariais entre 6,4% e 2%. Só um terço dos funcionários, com vencimentos mais baixos, vão ter subidas entre 10,7% e 7,4%.
Mais de três quintos (66,5%) dos 741 698 trabalhadores do Estado vão ter aumentos salariais inferiores à inflação média anual estimada para este ano, de 7,7%, segundo o Conselho Finanças Públicas, ou de 7,4%, nas previsões do governo. Isto significa que 493.698 funcionários públicos irão sofrer perda de poder de compra no próximo ano, ao receberem apenas um aumento entre 6,4% e 2%, de acordo com as contas do DN/ Dinheiro Vivo com base na proposta de atualização salarial que a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, que tutela esta área, entregou esta segunda-feira aos sindicatos da função pública.
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Apenas um em cada três (33,43%), ou seja, cerca de 248 mil trabalhadores das posições salariais mais baixas, incluindo aqui os 84 mil assistentes técnicos que saltam um nível na tabela remuneratória, terão direito a aumentos superiores à inflação, entre cerca de 10,7% e 7,4%.
Confrontada com a perda do poder de compra da maioria dos trabalhadores do Estado que, em 2023, terão atualizações abaixo da inflação anual deste ano, Mariana Vieira da Silva explicou que ” esta proposta é justa e equilibrada e pretende sobretudo dar resposta aos trabalhadores com salários mais baixos, porque a inflação afeta sobretudo quem recebe menos”. Por outro lado, “as disponibilidades orçamentais” não permitem voos mais altos:
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“Aumentos de 7,4% para todos os trabalhadores seriam incomportáveis no espaço orçamental de que o governo dispõe, porque também é preciso comportar a revisão das carreiras e a manutenção das progressões e promoções que garantem o desenvolvimento das carreiras que se encontram descongeladas desde 2018”.