Relações com mundo lusófono vão progredir independentemente do vencedor

por Mei Mei Wong
Maria IsauraMaria Isaura

Independentemente dos resultados das eleições do Brasil, cujo primeiro turno está marcado para este domingo, dia 2 de outubro, as relações entre este país sul-americano e o universo da Lusofonia irá progredir. Pelo menos é esta a ideia de Pedro Fernando Brêtas Bastos, antigo embaixador do Brasil que era o representante permanente junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

As políticas dos dois principais candidatos à presidência do Brasil, Jair Bolsonaro e Lula da Silva, são distintas, como comprovam os cadernos eleitorais de cada um. No entanto, há pressupostos que nunca deverão ser alterados, nomeadamente ligações com os países lusófonos. É esta a opinião então de Pedro Fernando Brêtas Bastos, que traça ao PLATAFORMA o futuro próximo das relações entre o Brasil e as comunidades lusófonas.

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“Num momento de crise a nível mundial é altura de união entre países irmãos. E é isto que penso sobre o futuro do Brasil nas suas relações com países como Portugal, Angola, Moçambique e todos os outros países lusófonos. Há uma oportunidade muito grande de uma ainda maior aproximação, independentemente de quem seja o próximo presidente do Brasil”, afirma Pedro Fernando Brêtas Bastos, que também considera que nos últimos anos todas as partes têm-se aproximado.

“O trabalho feita pela e na CPLP tem sido bastante produtivo. Há ideias e projetos que antes não passavam do papel, mas que há alguns anos atrás têm sido realizados de forma célere. Isso comprova o compromisso cada vez maior que existe entre esta comunidade”, salienta.

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Com Jair Bolsonaro ou Lula da Silva, as ideias serão, portanto, as mesmas. Consolidar as relações lusófonas e prosperar ainda mais no futuro.

Pedro Fernando Brêtas Bastos, antigo embaixador do Brasil.

“Sem dúvida. Há relações inseparáveis, como esta do Brasil com a comunidade lusófona. Nunca nenhum presidente brasileiro desvalorizou a ligação fraterna que existe entre todos. Eventualmente, antes, as trocas, os negócios, as aprendizagens eram mais morosas, pois muitos destes países atravessaram vários tipos de crises, o que não levava a que os processos fossem realizados de forma célere. No entanto, e como representante permanente junto da CPLP, nos últimos anos, senti que as coisas estão a mudar. Há uma atividade maior entre todos os países e é isso que prevejo para o futuro. Prosperar enquanto comunidade e com o Brasil como uma voz muita ativa”, refere o político, destacando os passos dados pela comunidade no que ao acordo de mobilidade diz respeito.

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“É um perfeito exemplo de tudo o que disse. Há muito que estava pensado, mas não arrancava. No entanto, nos últimos meses todos os membros uniram-se no sentido de acelerar o mesmo e será um passo determinante nas relações comerciais entre a comunidade. Irá promover a circulação e ajudar todos os países lusófonos. É um exemplo do futuro, que nenhum presidente irá alterar, independentemente do resultado das eleições”, conclui Pedro Fernando Brêtas Bastos.

COMUNIDADE PORTUGUESA NO BRASIL CONFIANTE

Em Portugal, país irmão do Brasil, como há muito é rotulado, há quem diga também que “independentemente do vencedor os próximos anos serão promissores”, afirmando que maioria prefere Bolsonaro e não esquecem questões judiciais de Lula. Líderes da comunidade portuguesa no Brasil consideram que as relações com Portugal vão continuar a progredir, independentemente de quem vencer as eleições presidenciais brasileiras, que se realizam no início de outubro.

“Independentemente de quem ganhar, os próximos anos serão bem promissores“, sublinha à Lusa o presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, Armando Abreu, acrescentando que “a economia do Brasil é tão pujante” que Portugal tem tudo para reforçar as suas relações bilaterais. Na mesma linha, o presidente do Conselho Regional da América Central e do Sul do Conselho das Comunidades, António Graça, garante que as “relações entre os dois países vão continuar cada vez melhores”, quer o vencedor seja o atual Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, quer seja o antigo chefe de Estado Lula da Silva.

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Ainda assim, o presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil, reconhece que “este último ano e meio, um bocado provocado pelas eleições e pelo momento que estamos a viver no Brasil, levou a que alguns empresários suspendessem as suas decisões à espera de quem vai ganhar”.

Mais ligado à comunidade portuguesa residente no Brasil, António Graça acredita que a maioria dos portugueses no país apoia o atual Presidente Jair Bolsonaro.

Lula da Silva e o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, lideram a corrida eleitoral com, respetivamente, 45 por cento e 33 por cento das intenções de voto. Segundo o presidente do Conselho Regional da América Central e do Sul do Conselho das Comunidades, a comunidade portuguesa residente no Brasil tem a sensação que a “economia melhorou” e que as questões judiciais de que Lula da Silva foi alvo continuam bem presentes na memória da comunidade.

“70 por cento da comunidade está do lado do atual Presidente”, afirma, querendo “deixar bem claro”, que grande parte da comunidade portuguesa não pode votar e que está apenas a colocar “as coisas como a comunidade está vendo”.

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Em relação às comemorações do bicentenário da independência do Brasil, no dia 7 de setembro, António Graça considera que “foi boa a presença do Presidente de Portugal com o Presidente do Brasil. Recorda ainda a última visita do Presidente português ao Brasil, no início de julho, Jair Bolsonaro fez saber pela comunicação social que não iria receber Marcelo Rebelo de Sousa em Brasília, decisão que justificou com o facto de este se encontrar com o antigo Presidente Lula da Silva em São Paulo.

Na sua opinião e de muita gente da comunidade portuguesa no Brasil o Presidente português errou, contudo, reforça que “aquele equívoco que houve no passado de receber o ex-presidente na casa do Cônsul”, em São Paulo, está ultrapassado. “Acho que essa situação já foi resolvida”, frisa. Algumas vozes críticas, entre as quais Lula da Silva salientaram que o Presidente da República portuguesa “merecia mais respeito” do seu homólogo Jair Bolsonaro.

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