Problemas cardíacos são um flagelo para muitas das famílias angolanas

por Filipa Rodrigues
Alexa Sonhi

Quem a vê pela primeira vez, facilmente fica contagiado pelo sorriso meigo de Verónica Tchilombo. Pelo corpo, a breve impressão é que padece de anemia falciforme. Mas não. A adolescente, de 15 anos, sofre de uma Insuficiência Mitral Reumática, uma doença do coração, causada, geralmente, por constantes infecções das vias respiratórios superiores, chamada de amigdalites ou anginas de repetição

Como consequência da doença do coração, diagnosticada pela primeira vez, aos nove anos, na província do Huambo, onde nasceu e vive com a família, a adolescente de 15 anos pesa, apesar da idade, apenas 28 quilos.

Verónica é a primeira de cinco irmãos e filha de Adelina Brito e João Tchilombo, dois agricultores familiares, que fazem deste ofício a fonte de renda familiar, para custear as despesas dos filhos, desde a alimentação, à escola e saúde. 

Com base nas informações da mãe, Adelina Brito, Verónica nasceu saudável, com 3.500 quilos de peso. Apesar das dificuldades financeiras dos pais, ela vivia bem e sem grandes problemas. Mas, aos oitos anos, os primeiros sintomas da doença começaram a aparecer. “Ela começou a perder o apetite. Tinha febres altas, passou a perder peso e ficava cansada facilmente ao fazer pequenos esforços físicos, ou percorrer distâncias, antes feitas com normalidade”, explicou.

Preocupados, os pais a levaram à consulta de clínica geral, no Hospital do Huambo. O médico que as atendeu percebeu irregularidades no organismo da menina, sem precisar ser era nos pulmões ou no coração. “Os exames feitos na altura, os de gota espessa, febre tifóide e tuberculose, deram negativo. Devido ao crescente cansaço, ela foi encaminhada, um ano depois, a um cardiologista, que por meio de exames de electrocardiograma e ecocardiograma detectou a anomalia no coração da menina”.

O cardiologista, contou a mãe, disse que a menina tinha Insuficiência Mitral Reumática, uma doença do coração muito grave, cuja melhoria passava por uma operação cirúrgica. “Nunca tinha ouvido falar da doença. Nem sei como a minha filha contraiu esta doença. Ninguém na família sofre deste mal”, lembra, ainda com lágrimas nos olhos.

Delfina Brito, de 33 anos, pegou num pano para limpar as lágrimas. Depois de ficar calma, disse, que o médico explicou que a patologia de Verónica afectava a válvula mitral do coração, causando a perda da competência e função de encerramento deste órgão, ou seja haviam fugas de sangue (regurgitação) do ventrículo para a aurícula (no sentido contrário ao fluxo normal do sangue).

Como não percebemos nada do que ele disse, contou, apenas queriam saber quando a menina faria a operação. “O médico disse que o Hospital do Huambo não faz cirurgias cardíacas e era preciso ir à Luanda, no Hospital Josina Machel, por ser o local de referência para este tipo de operação”, revela, acrescentando que desde a data passou a ter “picos” de pressão alta.

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