“Um grande testemunho do meu tempo.” Graça Morais expõe Anjos e Lobos

Pinturas e desenhos, inéditos na maioria, são ao todo 72 obras que a pintora revela na exposição que inaugura esta tarde em Lisboa, na galeria de São Roque Too. “O último quadro, acabei de o pintar no domingo”, conta Graça Morais à TSF, “uma homenagem às mulheres que ficaram na Ucrânia e que lutam com coragem.” Mas há muitas outras “Marias” expostas ao olhar do público “podem estar em Trás-os-Montes, ou na Ucrânia, ou no Irão, ou noutras partes do mundo.”
Anjos e Lobos – Diálogos da Humanidade, é o “Grito” de Graça Morais.

Todas as mulheres de Graça Morais contam uma história: “Enquanto as mulheres que eu pintei toda a minha vida, eram mulheres que eu conheci, era como pintar o meu rosto, estas mulheres eu não as conheço.” Foram as imagens da televisão e as fotografias dos jornais que prenderam o olhar da pintora “são Marias, mas chamam-se Mariyas em ucraniano, realmente são mulheres que me impressionaram pela força dos seus rostos que eu vi nas televisões, e sobretudo dos jornais. É uma forma de homenagear estes seres humanos, que ficaram na Ucrânia, por não terem dinheiro para sair, são os mais deserdados da sorte, são as mais pobres e ao mesmo tempo elas mostram a coragem, o rosto de quem não tem medo, e eu tive a necessidade de fazer estes retratos.”
Em entrevista à TSF, Graça Morais puxa o fio que liga as muitas mulheres desta exposição “há um fio condutor entre todas elas, e o que fica é o grande elo de ligação entre o ser humano, entre uma Maria que vive em Trás-os-Montes, uma Maria que vive na Ucrânia, uma Maria que vive no Irão, que vive noutros países.”

E então quem são os Anjos e os Lobos que dão nome a esta exposição? “Os Anjos são as Pietás, figuras de salvamento, pessoas que no meio duma tempestade, dum cataclismo, do terrorismo e da guerra, vão ao Inferno buscar estas pessoas, e nem sequer são aparentados, movem-se pela solidariedade, são os Anjos que vivem no mundo.” Para falar dos Lobos, é preciso recuar à infância da pintora, lá na aldeia de Vieiro, em Vila Flor: “Quando eu era criança a minha mãe pedia-me sempre para eu não me afastar da aldeia por causa dos lobos, os lobos eram um animal que me metia medo. Os lobos, animais, só atacavam quando tinham fome, estes lobos como o Putin, o Bolsonaro, o Trump, são homens perigosíssimo que nem sequer lhes podemos chamar lobos, eles não são animais, eles são seres terríveis que vêm ao mundo para destruir, são realmente a personificação do Mal que atinge a Humanidade e que nos traz preocupados e assustados e temerosos, e oxalá que haja uma grande força entre os seres humanos para combater esses homens horríveis, horríveis.”
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