Empresas americanas interessadas em explorar a região da Grande Baía

por Gonçalo Lopes

Na Califórnia olha-se com especial atenção para o desenvolvimento da Grande Baía. A Baía de São Francisco tem dado prioridade a campos de igual relevo na região chinesa e isso cria oportunidades de cooperação inegáveis. Mesmo com as tensões políticas e comerciais entre as duas potências, as empresas tentam adaptar-se ao contexto e abraçar o desenvolvimento comum

“Ainda penso que existe uma enorme interligação entre os EUA, a China e oportunidades”, disse Gordon Hinkle, vice-presidente do California Center, uma plataforma de negócios que liga empresas norte-americanas a parceiros chineses.

A Grande Baía está a emergir como uma potência económica capaz de “se tornar muito maior do que a soma das suas partes”, disse um porta-voz do Conselho de Desenvolvimento Comercial de Hong Kong (HKTDC) ao China Daily.

“No HKTDC, temos visto um enorme interesse na Área da Grande Baía por parte das empresas internacionais. Sem dúvida, esta será outra área de foco de oportunidades de negócios internacionais no mundo pós-pandémico”, disse.

A pandemia deu origem a oportunidades para as empresas americanas em muitos setores, incluindo cuidados de saúde, inovações e serviços relacionados com a sustentabilidade, acrescentou o HKTDC, um organismo estatutário criado em 1966 para explorar mercados potenciais para empresas de Hong Kong, especialmente
pequenas e médias empresas.

Energia verde abre portas

Além disso, o compromisso da China em alcançar a neutralidade de carbono até 2060 cria uma “vasta procura” de conhecimentos especializados em sustentabilidade na transição do país para uma economia mais verde, refere o Conselho.

A título de exemplo, o organismo aponta para a Califórnia, que tem um forte mercado de energia limpa e tecnologias de saúde, e que tem margem para consolidar a sua parceria com a China através da Grande Baía.

“O desenvolvimento verde criará oportunidades não só em energia limpa, materiais de construção verdes, veículos elétricos, mas também em finanças verdes – um setor que Hong Kong está a desenvolver ativamente”, afirmou.

Hinkle disse que a empresa irmã do California Center, McWong International, com escritórios nos EUA e na China que concebem e fabricam equipamento de controlo de iluminação, ganhou inúmeros prémios pela criação de tecnologias inovadoras que poupam energia.

“Percebemos que haverá sempre questões económicas e políticas fora do nosso controlo, mas como empresa global, aprendemos a adaptar-nos e a aproveitar as oportunidades de colaborar e inovar com os nossos parceiros chineses”, disse.

Conetividade torna tudo “mais fácil”

Gordon Hinkle vincou que tenciona agarrar as oportunidades criadas pela região. Já trabalha de perto com parceiros comerciais em várias regiões e províncias da China, “especialmente agora com a nova ponte que vai de Hong Kong a Macau”, que diz tornar tudo “mais fácil” em termos de conectividade. No entanto, espera ver mais interações entre as empresas americanas e as da China.

Num webinar recente organizado pelo Commonwealth Club da Califórnia, Sean Randolph, diretor sénior do Bay Area Council Economic Institute, disse que a região do Delta do Rio das Pérolas foi a primeira na China a abrir portas ao ocidente. Desde então, tornou-se a principal região chinesa para a prossecução da reforma económica.

Randolph disse ainda que a Baía de São Francisco tem gozado de laços históricos com a Grande Baía e que, inclusive, a maior parte da imigração chinesa para a região tem vindo da província de Guangdong.

Duas Baías

Muitas das áreas que assumem primazia na Baía de São Francisco são também na Área da Grande Baía. Segundo Randolph, essa semelhança cria oportunidades de colaboração. O diretor sénior do Bay Area Council Economic Institute elenca algumas das áreas mais promissoras, como energia limpa, cuidados de saúde, veículos elétricos e autónomos, biomedicina e produtos farmacêuticos, bem como tecnologia financeira.

Abordando o contexto específico de Hong Kong, Randolph considera que, apesar da tensão nas relações EUA-China, não há qualquer indicação de que o ambiente fundamental para a condução de negócios tenha mudado. “Hong Kong continua a apresentar uma plataforma única para o envolvimento com a Área da Grande Baía. Penso que só precisamos de ter consciência de que isso está a acontecer num ambiente maior.”

“Aconteça o que acontecer no plano global, haverá um legado a longo prazo de investimento da China na ciência e infraestruturas. E penso que isso continuará a permitir que a região continue a crescer e, através dessas jurisdições, apresentará oportunidades potencialmente fortes de colaboração connosco aqui na Baía de São Francisco”, juntamente com outras partes da Califórnia e dos EUA, concluiu.

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