Venha o ciclo da vida. Há um sinal na China: sete dias de quarentena, até cinco… Virá o dia de isolar apenas “suspeitos” – sem prova de imunidade à data da viagem.
É o que faz o mundo andar. O shift não é sanitário – é político. E bem.
Macau revê o surto de alarme; procura sinais de luz. Uma terra com curto horizonte; toldada pela geografia, asfixia quando fecha a fronteira. Sofre dentro da bolha.
Ao início parece que não. É a ilusão de segurança. De repente já nada hoje é seguro: o emprego, as pessoas… a própria vontade. O cansaço toma conta do espírito – a vida perde horizonte. Toda a gente sabe isso hoje em Macau.
Tem de abrir porque não há outro remédio. Será lento, inseguro… e não resolve a crise; nem recupera o brilho chinês… A letargia de Macau, essa então não se cura com magia na fronteira. Macau tem muito que pedalar.
Não há drama. Na verdade, Macau confia na China – e na sua própria resiliência. Afinal, resiste há muito tempo; e a muita coisa. Já viu guerras maiores que a da Ucrânia, conflitos brutais – internos e internos… conhece todos os tipos de crise. Macau resiste sempre – e até surpreende. Muitos séculos disto; em terramoto político, ideológico, militar, económico…
Por vezes a oriente – outras a ocidente. O tempo longo permite um sorriso em frente. Mas falta muito mais do que isso.
O que Macau é – e pode ser – não tem termo de comparação. É único e estratégico, quer para a cultura moderna chinesa; quer para um Portugal de futuro – no mundo da língua portuguesa.
Custa digerir o novo paradigma: não há milagre na receita; nem golpe de relevância. O amanhã não sabe inverter os passos para um nível de vida mais baixo, e menos estimulante. A opção não é moral nem ideológica. Há um ciclo de recuperação a cumprir: política, social, económica… e individual.
A todos os níveis – em todas as línguas. Esse é o processo que conta. Para quem é de Macau e fica; para quem queira voltar; ou ser seduzido a chegar.
*Diretor-Geral do PLATAFORMA