Aliviar as dificuldades na procura de trabalho de recém-formados e acelerar o processo de criação de talentos

por Gonçalo Lopes
Che Sai WangChe Sai Wang*

“O mapa delineado no passado poderá não ir dar ao futuro, devemos repensá-lo e reposicionar”, afirma o Secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. Desde a transferência de soberania de Macau para a China, só existe um Governo da Região Administrativa Especial de Macau, e o futuro depende por isso da sua abordagem e atitude
inovadora.

Desde o início da pandemia, recebi centenas de pedidos de ajuda no WeChat, Facebook, WhatsApp e outras redes sociais, de recém-formados com dificuldades em encontrar emprego mesmo depois de dois a três anos de procura. Outros estudantes inscreveram-se no “Plano de Estágio Criar Melhores Perspectivas de Trabalho”, mas partilham que a prioridade é oferecida a formados sem experiência de trabalho, obrigando trabalhadores a tempo parcial a se demitirem e a se recandidatarem ao Plano. Contudo, mesmo após três meses, estes jovens parecem não receber resposta, muitos continuam no desemprego mesmo após a graduação dos alunos deste ano letivo.

Vários desempregados depois de terminarem os estudos acabam por escolher empregos fora da sua área, como entregas de comida, lojas de bubble tea, entre outros. Outros contam ainda que a oferta de trabalho da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais é bastante limitada, incluindo apenas posições para lavar louça ou como segurança, que não oferecem qualquer perspetiva para desenvolver conhecimentos e aptidões profissionais. Existem também empregos que requerem experiência de dois a três anos, num contexto onde estes estudantes, sem qualquer experiência, se sentem desencorajados.

O problema aqui não é que estes recém-formados não possam aceitar este tipo de trabalhos, mas o facto de estes talentos serem necessários para estabelecer uma base sólida para o desenvolvimento futuro de Macau. O desenvolvimento profissional é um processo a longo prazo, contínuo e sem interrupções, sem desvios ao longo de uma carreira. O Governo da RAEM deve estabelecer um mecanismo sólido para procura de emprego e desenvolvimento de talentos, por isso é que é também essencial que estes estudantes definam as suas aspirações profissionais poucos anos depois da sua formação. Deve ser ainda promovido que as empresas, com base nas vagas e necessidades de desenvolvimento que possuam, tomem a iniciativa de oferecer a recém-formados empregos dentro da sua área profissional de interesse.

Ao mesmo tempo, uma procura de emprego intensiva e assistência neste processo deve garantir que a população desempregada não é ignorada depois de completarem a sua formação e receberem o seu subsídio. O Governo tem a responsabilidade de continuar a criar ligações entre estes residentes e várias empresas até encontrarem emprego.

Apenas 17.500 pessoas estão atualmente registadas na Comissão de Desenvolvimento de Talentos, longe de refletir a realidade de Macau. A Comissão deve, por isso, tomar a iniciativa de recolher informação sobre possíveis talentos e enriquecer o sistema. Em conjunto com a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, poderá também ser possível dividir estes talentos por níveis com informação profissional do setor privado e público, para mobilizar recursos humanos e tirar o máximo partido dos mesmos, evitando uma fuga de cérebros.

*Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau

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